Reflexões para crescer no amor a Deus, no amor aos irmãos e fortalecer-se na fé cristã.Viver, em suma!
sábado, 1 de dezembro de 2012
CONCÍLIO VATICANO II
Cidadania combina com espiritualidade! Sem nenhuma petulância, a espiritualidade é um indispensável subsídio na formação de uma consciência cidadã. Esta foi uma das convicções que motivaram a convocação do Concílio Vaticano II pelo saudoso e bom Papa João XXIII. O mundo, em especial o Ocidente, buscava reerguer-se após o terrível trauma da Segunda Guerra Mundial. Fatores variados marcavam a época, uns positivos, outros negativos. Entre os positivos, a crescente consciência da necessidade de uma cooperação mais efetiva entre as nações, idéia embrionária da comunidade européia. Broto natural desta mentalidade supranacionalista foi o fortalecimento da doutrina sobre a dignidade humana, definitivamente consagrada na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Ao lado desses aspectos positivos e promissores, apareciam também aspectos negativos. No campo político, a tensão crescente entre o Ocidente livre e cristão, e o Leste comunista, ateu e prepotente. Esta tensão provocaria a Guerra Fria que, praticamente, dividiu o mundo em dois grandes e belicosos blocos políticos. No campo da filosofia e da doutrina revigorava-se o racionalismo que, ao exaltar sobremaneira a dignidade humana, rechaçava toda e qualquer tutela e escancarava as portas para o materialismo, o hedonismo e o niilismo. Esta revolução de costumes desembocaria, posterior e sintomaticamente, no grande festival de Woodstock, nos EUA, que, ao exaltar o amor contra a guerra, promoveu o sexo promíscuo e a ilusão do alucinógeno.
Neste cenário conturbado e de muitas incertezas a Igreja era vista como uma instituição respeitável, mas em descompasso com as angústias que assombravam a alma humana. Na verdade, dentro da própria Igreja escolas de pensamento alimentavam movimentos vigorosos que clamavam por uma profunda revisão na apresentação e nas posturas. A Igreja, enviada por Jesus Cristo para ser sinal de salvação e agente de esperança para o mundo, passava por tensões de cunho teológico e pastoral. Na condição de depositária de uma mensagem salvadora reconhecia-se incapaz de se comunicar satisfatoriamente com o mundo conturbado. A evolução do mundo moderno desafiava o rígido dogmatismo e a ilusória segurança de costumes conservadores. Profundos ajustes se faziam urgentes.
O Papa João XXIII, homem de larga experiência pastoral e indubitavelmente de profunda espiritualidade e aguda sensibilidade, intui a importância do momento histórico e plenamente consciente da vitalidade inerente à Igreja de Jesus Cristo, atende aos clamores insistentes e sensatos que subiam das entranhas da Igreja. E no dia 25 de janeiro, 1959 surpreende a Igreja e o mundo com a convocação do Concílio Vaticano II que teria como missão primária realizar uma revisão profunda no jeito de ser da Igreja. O que precisava ser atualizado não era a doutrina, seu conteúdo, afinal era divino. O que demandava reforma era a linguagem, a postura. A mensagem divina e libertadora precisava chegar clara e luminosa ao homem moderno. Não é o homem que precisa ir à Igreja, mas é esta, na condição de servidora, que deve ir ao seu encontro. Na leitura figurada de historiadores, o Papa João XXIII escancarou as janelas do Vaticano, permitindo que uma brisa suave e refrescante renovasse o ar pesado e parado da monumental instituição. Simultaneamente, raios solares devolviam vida e alegria aos solenes cômodos, apressando a urgência de espanar a poeira que de tão acumulada fazia os móveis perderem o original brilho.
O Concílio Vaticano II mergulhou no processo de aproximação entre a Igreja e o homem moderno. Quem desconhece a realidade da Igreja antes da realização do Concílio dificilmente compreende por que esta iniciativa eclesial é considerada como um dos acontecimentos recentes mais marcantes, para a Igreja, mas também para o mundo. A Igreja optou perder privilégios para poder servir melhor o ser humano. Sem abdicar da condição de mestra, preferiu apresentar-se como mãe zelosa. Decidida a devolver ao Homem a original dignidade e reconhecendo a existência de inúmeras iniciativas positivas e justas presentes em vários outros segmentos, define o diálogo como forma preferencial de aproximação e a prática de uma caridade generosa e inesgotável como chave para abrir a porta da fé para o desconcertado homem moderno. O Concílio Vaticano II aproximou a Igreja ao Homem. E o Homem a Deus! E por Deus, o Homem aproximou-se ao próximo. Quanto mais espiritual, mais humano o Homem fica!
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