sábado, 16 de novembro de 2013

TRAVESSIA

Líder consciente não se contenta em delegar tarefas. Consciência plena possui que entusiasmo isolado não é suficiente para garantir êxodo a uma empreita. Tampouco garra baste. O líder perspicaz entende que uma de suas tarefas prioritárias é convencer seus parceiros quanto à real possibilidade de êxito do ideal abraçado, a ponto deles não esmorecerem diante de previsíveis revezes. Nobres missões costumam encontrar sérios obstáculos e enfrentar perigosos riscos. Conceda-se, tarefa mais nobre e salutar não há que anunciar a boa notícia da salvação a todas as pessoas. Neste mundo conturbado e confuso, notícia mais auspiciosa não há que anunciar ser possível uma completa redenção. Inexplicavelmente, a missão encontra oposição e resistência. Jesus, o principal mensageiro desta boa notícia, possuía plena consciência deste desafio. Primeiro, porque Ele mesmo enfrentou oposição e rejeição. Depois, porque ninguém mais que Ele conhece a alma humana. Sedento de vida plena, mas também ferido por uma incurável arrogância, o Homem sempre aspira suprir seus mais profundos anseios recorrendo exclusivamente a suas próprias energias. Imagina poder fazer melhor que Deus! Resiste aceitar o Criador como guia, questiona suas verdades, e frequentemente investe em desqualificar seus enviados. Conhecedor desta complexa realidade, mas igualmente consciente da íntima necessidade que o Homem tem de ouvir a voz de Deus, Jesus cuidou de escolher e designar discípulos a levarem a Boa Notícia da salvação para o mundo. Sagaz líder, o Mestre aplicou-se com diligência a dar a seus humildes enviados treinamento adequado capaz de convencê-los quanto à urgência da tarefa e sua plena possibilidade de êxito. Convictos e confiantes, capacitados estariam para enfrentar com coragem e serenidade as inevitáveis turbulências. Convidou-se Jesus, numa tarde, a atravessar com eles o Lago de Genesaré. A experiência não seria um passeio, mas uma preciosa e prática lição. Disse-lhes que iam levar a Boa Notícia aos povoados no outro lado do lago. Conhece-se o episódio. No meio da travessia, levanta-se uma violenta tempestade que quase leva à pique a frágil embarcação. Tão furiosa é a borrasca que mesmo sendo pescadores experimentados, os discípulos ficam apavorados. Mais desesperados se sentem porque Jesus dorme enquanto eles lutam contra furiosas ondas. Em pânico, sacodem o Mestre e protestam diante da sua estranha indiferença. Sereno e confiante, Jesus se levanta e com uma única palavra acalma a tempestade. Pronto, a lição está dada. E administrada de um jeito tão convincente que aquele humilde grupo fez questão de registra-la para iluminar os posteriores navegantes. Levar a Boa Nova envolve riscos e perigos! É travessia perigosa. Tempestades furiosas ameaçam a frágil embarcação. No entanto, enquanto Jesus estiver presente nenhuma oposição, por mais violenta, conseguirá afundar a embarcação e naufragar a missão. A oposição, mesmo a mais bem aparelhada e articulada, não resistirá a uma única palavra do Mestre. A história, nesses dois mil anos, comprova esta salutar verdade. Recorda-se, apenas à título de referência, uma das mais recentes e aguerridas tempestades enfrentadas pela embarcação de Pedro, o comunismo. Sistema articulado, sustentado por um exercito formidável, amparado por um patrulhamento implacável, frio e cruel, e ainda alimentado por uma propaganda insistente e doutrinação sistemática, o comunismo se gabava de ser a oposição definitiva, capaz de enterrar de vez a religião, e liberar o povo do ópio que o anestesiava. O que sobrou deste terrível monstro que durante anos desfilava prepotente? Que desdenhava os seguidores de Jesus porque possuía divisões mais numerosas e poderosas? Os adversários da religião, à semelhança da tempestade no lago de Genesaré, sempre deixam a impressão que vão prevalecer. Aplicado e previdente líder, Jesus deixou claro que a embarcação de Pedro navegará constantemente ameaçada pelos mares da vida. Que nenhum dos discípulos, no entanto, perca a fé, nem se apequene, impressionado pela violência das ondas! No momento certo, o Mestre se levanta, e com uma única palavra, debela a tempestade. Doma os monstros marinhos! E devolverá à embarcação a confiança necessária para prosseguir na travessia!

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