A trágica e inesperada morte do
Governador Eduardo Campos comoveu o país. Candidato à presidência da República o
governador ficou conhecido graças aos generosos espaços na mídia. A população estava
se habituando ao perfil de um político jovem, dinâmico e com propostas
interessantes para o país. De repente, o homem público, cheio de entusiasmo,
com prospecto de futuro promissor, sai de cena. Em questão de segundos, o
enredo muda radicalmente, com drásticas consequências para muita gente.
Primeiro, evidente, a família, que fica privada da presença do marido e do pai,
meses após o nascimento do último filho. A morte prematura afetará severamente
o cotidiano dessa família. Depois, vem o processo político que diante do
imprevisto, compreensivelmente, trava. Incertezas e perguntas pipocam. O
calendário, curto, exige providências rápidas. No entanto, é preciso tempo para
assimilar o baque, reorganizar quadros e reavaliar propostas e estratégias, não
somente de correligionários, mas também de candidatos e partidos concorrentes.
A reviravolta é total.
A abrangência do acontecido, como também
a absoluta imprevisibilidade, obrigam as pessoas a refletir sobre a suprema
fragilidade da condição humana. Por mais bem estruturada, a vida pode acabar
repentinamente. O sujeito prepara tudo, toma todas as precauções, mas um súbito
imprevisto altera todo programa. A realidade, indigesta, é uma: não somos donos
do nosso destino. Duro golpe nas pretensões humanas! A inteligência não se
conforma e busca explicações racionais para poder entender. No caso, a perícia
apresentará seus laudos e as explicações técnicas que servem apenas para
satisfazer a curiosidade. Mas as perguntas existenciais persistem. Por falta de
explicações convincentes refugia-se em paliativos, tipo o acaso. Foi uma
fatalidade. A mente humana, porém, não se resigna. A vida do ser humano não
pode estar sujeita ao acaso. Tem que ter um sentido nos acontecimentos. A morte
não pode, caprichosamente, deter a última palavra! Aceitar a fatalidade como
explicação pode, inclusive, induzir pessoas a abrirem mão de projetos e
propostas. Afinal, quem garante que tudo não pode virar pó por causa de
contingências externas!
A mente humana procura uma luz capaz de
lhe ajudar a entender e administrar o mistério da vida. Se o instinto humano empurra
para viver, para sempre avançar, não se pode conformar-se com a intromissão da
morte. Especialmente quando acontece fora de qualquer lógica, como foi a morte
do governador. Ciência e filosofia não conseguem responder satisfatoriamente. A
mente humana quer entender o mistério da vida, justamente para não ficar refém
de fatalidades. Tem que ter algo além do material e do imediato. A fé no Deus
da vida vem em socorro da razão. Este impagável impulso para viver acena para a
semente da imortalidade plantada na alma humana. Sob a luz da fé, a vida do ser
humano não é avaliada pela importância das conquistas ou pelo volume das
realizações. Além do material tem que haver o transcendente. O ser humano não é
só matéria, possui alma, elemento espiritual e imortal. Em sua condição humana
trabalha, se esforça, empenha-se para progredir, mas com a consciência que tudo
o que é material, mesmo o mais valioso, é passageiro. Amparado na fé, o ser
humano aprende a equilibrar-se entre a incerteza do futuro imediato e a certeza
do futuro eterno. Aprenderá ainda a submeter àquele a este. A contingência do
imediato induz a fixar-se com mais discernimento no eterno e certo!
Filósofos e cientistas questionam a
tese. Enxergam lacunas que a razão recusa aceitar. A lógica da fé é
racionalmente porosa. É verdade. Porque a lógica da fé segue um padrão
diferente da da lógica racional. A fé não ofende a inteligência, apenas exige
que ela aceite e se adapte à sua luz. È preciso mudar de lentes para enxergar
com clareza. O foco é diferente. O campo de visão é outro. A profundidade é
diversa. Tragédias continuarão acontecendo. Enredos subitamente mudarão. Mas
quando se tem claro o destino eterno, persiste-se no rumo dos objetivos maiores.
Mudam-se as peças. Redefinem-se as estratégias. Mas o ideal final permanece
inalterado, acima dos abalos, acima das tragédias!
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