sábado, 11 de outubro de 2014

CADEIRA VAZIA

Deus não sai de pauta! Artigos, entrevistas e livros questionam a existência de Deus. Filósofos e cientistas renomados, ateus declarados ou agnósticos, apresentam argumentos insistindo em mostrar a inutilidade de um ser divino. Se a discussão ficasse limitada ao campo acadêmico não haveria tanto desgaste. Universidades constituem, afinal, propício espaço para pesquisas e debates. As teses, todavia, costumam extrapolar as fronteiras acadêmicas e chegam à rua. E às salas de ensino médio! Instalam-se, assim, a confusão e a dúvida, em especial em cabeças jovens. Neste campo, os propagadores da inexistência de Deus costumam ser mais ruidosos que seus colegas crentes. Professores de história e de biologia, em particular, enchem a cabeça de alunos com argumentos e demonstrações, algumas flagrantemente incompletas e parciais, a confirmar sua tese. Os motivos para tal agressiva, e subjetiva, investida contra a divindade podem, evidente, ser vários. Não excluo traumas pessoais não adequadamente resolvidos. Sabe-se, quando alguma questão existencial incomoda, uma das posturas mais frequentemente adotadas, é tentar convencer a si mesmo da verdade contrária. Ao questionar ruidosamente a existência de Deus, filósofo, acadêmico ou professor, pode, na verdade, estar querendo abafar a própria consciência. Reconheço, por outro lado, que escritores e cientistas há genuinamente preocupados com a evolução da consciência humana. Julgam que a crença em um ser superior cerceia e poda a autonomia da razão. O ser humano, na opinião desses, alcança dignidade e produção elevadas quando se livra da tutela da divindade. Reconhece-se-lhes o direito de pensar assim e de assim se expressar. É de se reafirmar, por outro lado, que a fé religiosa é questão estritamente pessoal. Não pode ser imposta nem tolhida à força. Por mais consistentes que se apresentem os argumentos contrários, o sujeito reserva para si a decisão de aceitar ou não a divindade. Pode não possuir argumentos para rebater teses científicas, sente-se, porém, mais seguro, mais gente, ao agarrar-se a fé em Deus! Querer cercear esta liberdade é conduta arbitrária, que fere a íntima natureza da ciência e beira patrulhamento ideológico. Alguns docentes insistem, movidos por preconceitos ou por má fé, em deixar constrangidos alunos crentes. Em salas de ensino médio o debate fica desigual ou mesmo antiético, especialmente quando apoiado em informações incompletas ou flagrantemente parciais. Equivocam-se os docentes ao reduzir a opção religiosa à condição de matéria escolar. A crença em Deus é decisão estritamente pessoal, de foro íntimo, e merece ser respeitada. Por mais balizada e progressista que seja a safra de argumentos contrários à existência de Deus, milhões de pessoas, incluindo renomados cientistas e distintos pensadores, mantêm inabalada a fé nele! Ao induzir a sociedade a eliminar Deus, fica subentendido que Ele seja substituído por outro valor transcendente. Que passa a ser, naturalmente, o referencial na existência. Emerge a crucial questão: as alternativas que são postas como substitutivas ao Deus-Amor são satisfatórias? Colocada a questão de outra maneira: os valores indicados como aspirações maiores para a existência humana têm contribuído para deixar as pessoas mais realizadas e felizes? Elevam o relacionamento entre os cidadãos? Garantem a dignidade do ser humano, a ponto dele não ter medo do futuro? As respostas ficam, evidente, a critério de cada pensador. Ao excluir Deus, a mente humana exige colocar um substituto, para servir como referência e motivador da existência. Neste jogo não se admite cadeira vazia! Volta-se à questão chave: o que se tem proposto como valor supremo justifica a troca? Melhora a vida? Curiosamente, o debate entre acadêmicos mudou de foco. Diante do progressivo e difuso esfarelamento de várias instituições, situação a gerar obviamente apreensões e depressões, o pensador questiona até que ponto foi valido enaltecer tanto o materialismo e a secularização! Detonou-se a fé religiosa, decretou-se a inutilidade de Deus, mas o que se propôs como substitutivo ficou muito aquém das reais aspirações humanas! É bom demais Deus não sair de pauta! Ao ser questionada sua existência, o crente sente-se impelido a responder e a demonstrar, pelo testemunho sereno de vida mais que por argumentos doutrinários, quanto salutar e benéfico seja para o Homem crer em e deixar-se moldar pelos valores transcendentes do Deus-Amor!

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