sábado, 1 de novembro de 2014

INTEGRAÇÃO

Vitória política tem consequências! Confirma-se o sensato adágio: voto não tem preço, tem consequências. O Brasil sai de uma eleição definida como uma das mais apertadas, aguerridas e controversas. Principalmente, pelas estratégias adotadas de desconstruir adversários e explorar preconceitos. Ao longo da campanha, os candidatos deixaram-se catequizar pelas orientações de marqueteiros e foram contundentes em ataques a adversários, extrapolando, não raramente, os limites da boa educação. Cabe um comentário sobre marqueteiros, profissionais que se destacam principalmente em campanhas eleitorais. Comenta-se que, em política, os marqueteiros se pautam por um princípio inquestionável: dividir para conquistar. Adeptos desta estratégia, se blindam contra escrúpulos e códigos éticos e apelam para fofocas, mentiras e insinuações a alimentar os mais baixos instintos do eleitorado. Reconhecem estar sendo pagos para assegurar vitórias e não para promover princípios morais! É a mais cabal confirmação do axioma dos fins justificando os meios! O que importa é ganhar! A curto prazo, a doutrina funciona, pois garante êxito. Mas, como administrar estragos e mágoas que inevitavelmente seguem a infame estratégia? São as consequências mais indigestas da vitória! Acalmado o sentimento de euforia pela vitória, superada a decepção com a derrota, despontam a razão e o bom senso. Começa-se a avaliar como, na verdade, meios impróprios têm validade curta. Ajudam a conseguir a vitória, mas, e o depois? No nosso caso particular, finda a eleição, emerge, segundo comentaristas e analistas políticos, um país dividido. As porcentagens das votações e abstenções reforçam a tese do fraccionamento. Apontam-se os vários aspectos da divisão. A mais evidente é a fragmentação política, consequência das várias alianças celebradas, arranjadas ou desfeitas ao longo dos dois turnos, em apoio a um e a outro candidato. Comenta-se que o ocupante da cadeira presidencial pode muita coisa, mas não pode tudo. Sem o apoio do Congresso, o Executivo pouco pode realizar de efetivamente benéfico e duradouro. É preciso reaproximar-se de desafetos ou desprestigiados. É preciso superar ressentimentos e rixas! É preciso 'converter' deputados e senadores para as causas da nação. Em tese, o diálogo é bonito e recomendável, mas, na prática, é difícil e o custo pode ser alto. Torce-se para que não se engavetem a ética e a decência. Torce-se para que o diálogo não descambe em balcão de negócios e de arranjos. Torce-se para que deputados e senadores compenetrem-se que são delegados do povo e honrem mandatos e juramentos! Ajuda sobremaneira neste processo de resgate ético e patriótico a vigilância cidadã e a atuação de uma imprensa livre e independente! Divisão outra, mais grave ainda, é a do sectarismo, tão triste e descaradamente explorado na recente campanha política. A divisão de classe existe e é resultado de séculos de exploração e de prepotência. São profundos os ressentimentos entre cidadãos que durante séculos se enxergaram explorados, injustiçados e relegados ao mais degradante esquecimento. Esta é uma mácula triste a manchar a história de um povo, famoso e admirado pela hospitalidade, simpatia e descontração. Mais deprimente, evidente, foi explorar esse ressentimento para fins eleitoreiros. A eleição, em boa parte, representou uma disputa entre regiões geográficas, marcadas por desigualdades de oportunidades, de renda, de gênero. Na grade de marketing político não existem as matérias de ética e de decência. Se existam, os marqueteiros fazem questão de faltar nessas aulas! Cutucar perversamente a ferida da desigualdade foi profundamente lamentável. E desastroso. Atraso inevitável no salutar trabalho de integração nacional. Já aparecem nas redes sociais provocações estúpidas, a fomentar ainda mais antagonismos obtusos. Essa sinistra consequência precisa ser logo superada. A ninguém beneficiam animosidades. Desigualdades não se superam com hostilidades, ressentimentos e preconceitos. Desigualdades se superam com atitudes concretas e dignas de respeito e de autêntica solidariedade. A hora agora é de mudar para melhor. O povo votou porque quer melhorias. Diferenças político-partidárias e traços regionais só devem ficar em evidência quando postos a serviço da construção e da divulgação de um Brasil integrado. Só interessa agora caminhar em direção do progresso, da prosperidade e da paz!

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