sábado, 10 de janeiro de 2015

FRATERNIDADE E DIGNIDADE HUMANA I

Por ocasião do Dia da Confraternização Universal, o dia 1º de janeiro, o Papa costuma propor uma reflexão para alimentar a celebração da data. O Papa Francisco escolheu como tema da sua mensagem para este ano, "a Fraternidade e a Dignidade Humana". Ideal é, evidente, conhecer a mensagem na íntegra. Com o intuito de divulgar o conteúdo da mensagem e torná-la acessível a um número maior de pessoas, reproduzo trechos que merecem destaque e reflexão. “No início de um novo ano, que acolhemos como uma graça e um dom de Deus para a humanidade, desejo dirigir, a cada homem e mulher, bem como a todos os povos e nações do mundo, aos chefes do Estado e de Governo e aos responsáveis das várias religiões, os meus votos de paz, que acompanho com a minha oração a fim de que cessem as guerras, os conflitos e os inúmeros sofrimentos provocados quer pela mão do homem quer por velhas e novas epidemias e pelos efeitos devastadores das calamidades naturais. Rezo de modo particular para que saibamos resistir à tentação de nos comportarmos de forma não digna da nossa humanidade. Sendo o homem um ser relacional, destinado a realizar-se no contexto de relações interpessoais inspiradas pela justiça e a caridade, é fundamental para o seu desenvolvimento que sejam reconhecidas e respeitadas a sua dignidade, liberdade e autonomia. O tema, que escolhi para esta mensagem, inspira-se na Carta de S. Paulo a Filémon; nela, o apóstolo pede ao seu colaborador para acolher Onésimo, que antes era escravo do próprio Filémon, mas agora tornou-se cristão, merecendo por isso mesmo ser considerado um irmão. Tornando-se cristão, Onésimo passou a ser irmão de Filémon. Lemos no livro do Gênesis que Deus criou o ser humano como homem e mulher e abençoou-os para que crescessem e multiplicassem. Saídos do mesmo ventre, Caim e Abel são irmãos e, por isso, têm a mesma origem, natureza e dignidade de seus pais, criados à imagem e semelhança de Deus. Como irmãos e irmãs, todas as pessoas estão, por natureza, relacionadas umas com as outras, cada qual com a própria especificidade e todas partilhando a mesma origem, natureza e dignidade. Infelizmente, entre a primeira criação narrada no livro do Gênesis e o novo nascimento em Cristo, existe a realidade negativa do pecado, que interrompe tantas vezes a nossa fraternidade de criaturas e deforma continuamente a beleza e a nobreza de sermos irmãos e irmãs da mesma família humana. Na narração das origens da família humana, o pecado de afastamento de Deus, da figura do pai e do irmão torna-se uma expressão da recusa da comunhão e traduz-se na cultura da servidão, com as conseqüências daí resultantes que se prolongam de geração em geração: rejeição do outro, maus-tratos às pessoas, violação da dignidade e dos direitos fundamentais, institucionalização de desigualdades. No entanto, os seres humanos não se tornam cristãos, filhos do Pai e irmãos em Cristo por imposição divina, isto é, sem o exercício da liberdade pessoal, sem se convertessem livremente a Cristo. Todos aqueles que respondem com a fé e a vida ao apelo da conversão, entram na fraternidade da comunidade cristã. A comunidade cristã é o lugar da comunhão vivida no amor entre os irmãos. Tudo isto prova como a Boa Nova de Jesus Cristo é capaz de redimir as relações entre os homens, incluindo a relação entre um escravo e o seu senhor, pondo em evidência aquilo que ambos têm em comum: a filiação adotiva e o vínculo da fraternidade em Cristo”. continua .....

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