sábado, 30 de abril de 2016

APROXIMAR-SE

Amizade é assunto sério! Estudiosos do comportamento humano confirmam que mais valioso que ter amigos é agir como amigo. Fazer-se presente e colocar-se ao lado do outro desinteressadamente é premissa fundamental na formação do saudável círculo de amizades. Por outro lado, é preciso estar precavido contra os oportunistas que sempre aparecem. Sim, tem pessoas que não sabem valorizar sentimentos puros e tentam aproveitar-se de quem age com generosidade. Não é tão raro pessoas se desapontarem com a amizade por causa da flagrante exploração que sofrem. Reconhecem que os tais amigos de ocasião os procuram mais pelas vantagens que recebem que pelo simples prazer de estar ao lado de gente querida. Encontram-se também aquelas figuras patológicas que, por se sentirem solitárias, se desdobram em querer ser agradáveis, imaginando que amizade se impõe. Amizade é realmente assunto sério e complexo. No estágio da evolução moderna, o assunto amizade se reveste de especial importância. Em todas as culturas o tópico amizade sempre foi tema delicado, pois envolve sentimentos muito arraigados na estrutura afetiva humana. Mexe com a segurança emocional de cada indivíduo. Sem esquecer que compartilhar amizades representa uma das mais urgentes e implícitas exigências da alma humana. Amizade afeta dois 'nervos' da vivência humana, o afetivo e o gregário. O ser humano sente necessidade de amar e ser amado e, como natural consequência, delicia-se na companhia de parceiros. Essa demanda afetiva está se tornando dramática no compasso atual da cultura urbana que tende a isolar o ser humano. Em vários aspectos da vida moderna o homem é induzido a pensar que pode sobreviver como autônomo. E independente. Consegue praticamente tudo 'on line'. O sistema 'delivery' traz até ele o que necessita. Essa tendência para o isolamento fica ainda favorecida pela evolução tecnológica dos recursos midiáticos que, ao propiciar informações em tempo real, cria a ilusão de socialização. Ao ceder à pressão para manter-se constantemente conectado, o cidadão não atina que se distancia do próximo que está ao lado. Cresce a sensação de que para ser gente e sentir-se incluído, o cidadão não pode ficar sem as ferramentas eletrônicas, mas pode, paradoxalmente, dispensar o convívio com o semelhante. A preferência pelas redes sociais afeta diretamente o aspecto gregário, pois inibe a conversação e trava o convívio. É demasiado frequente ver pessoas sentadas à mesma mesa se divertindo mais teclando aparelhos que trocando conversas. Quando, então, surge a necessidade de uma conversação pessoal, o sujeito fica perdido, com dificuldade para expressar-se. Aumenta a preferência pelo isolamento. Aumenta a timidez, que reduz drasticamente a autoestima, abrindo caminho para a depressão. Sem negar nem dispensar os benefícios da tecnologia, urge superar a robotização imposta pela cultura moderna. Urge resgatar os valores que devolvem à pessoa a real condição de gente. É gente quem sabe conviver. É gente quem toma iniciativas de aproximação para com o próximo. Quem decide ser amigo, enfim! Conhecer e entender o outro representa o primeiro passo nesta revitalização do contato pessoal. Premissa indispensável para alimentar a autoestima, tanto própria como do interlocutor. Atitude fundamental para criar ambientes descontraídos é desprender-se daquela nociva estratégia de tratar o outro conforme a atenção que dele se recebe. Nesta dinâmica não se age, mas apenas se reage. Convívio amigável começa a ser construído quando se adota postura protagonista, agir sempre com simpatia e não se deixar derrubar por eventuais desconsiderações ou preconceitos. Entende-se, claro, que tal procedimento demanda nova configuração no quesito comportamento. Deixa-se de lado vaidade e ambíguo amor próprio e persevera-se no tratamento gentil por entender sua vital importância. Adotar iniciativas simpáticas é estratégia segura para iniciar relacionamentos harmoniosos e consolidar amizades. Detecta-se, hoje, certa desconsideração pelo semelhante. Prefere-se mais o distanciamento. Ao assentir ao isolamento, o ser humano fica doente e vulnerável. Distante e depressivo. Com razão fala-se de um mundo enfermo! Amizade é assunto sério e vital! Sem atrelar-se a racionalismos, que se decida aproximar-se. Que se tome a iniciativa, enfim, de recuperar um mundo enfermo.

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