quinta-feira, 30 de junho de 2016

ENTREGA DO TÍTULO DE CIDADÃO ARAÇATUBENSE A D. SERGIO

ENTREGA DO TÍTULO DE CIDADÃO ARAÇATUBENSE a D. SERGIO KRZYWY, Bispo diocesano de Araçatuba, sp. Exc.mo Sr. Carlos Hernandes, Prefeito do município de Araçatuba, Sr. Cido Saraiva, Presidente da Mesa Diretora da Câmara de Vereadores, Senhoras vereadoras e senhores vereadores e distintas autoridades presentes, Senhoras e senhores, Ninguém é padre para si mesmo, costumava dizer São João Maria Vianney, patrono dos sacerdotes. Seguindo a intuição deste santo presbítero, entende-se que a vocação sacerdotal, e consequentemente, o exercício do ministério, encontram sua plena realização no cuidado do povo de Deus. Da mesma forma como ao pastor cabe a elementar, e salutar, tarefa de conduzir o rebanho a fartas passagens e águas tranquilas, ao sacerdote cabe a fascinante missão de educar as pessoas a redescobrirem sua original dignidade de seres humanos e, na perspectiva da fé, recuperarem a distinta condição de filhos de Deus. Este intrínseco envolvimento impõe sobre o sacerdote a moral tarefa de se fazer afetiva e efetivamente presente nos acontecimentos da comunidade confiada a seus cuidados. Ensina a Bíblia, e a experiência do cotidiano confirma, que ninguém melhor que Deus entende o Homem. A partir dessa premissa conclui-se que, se alguém pretende genuinamente promover o ser humano deve tornar-se assíduo e aplicado ouvinte da Palavra divina. Proclama a Escritura que o Homem carrega em si a imagem e a semelhança divina: reza o salmista: fostes vós que me formastes as entranhas e no seio de minha mãe vós me tecestes (Sl 138). A revelação divina, todavia, não restringe o relacionamento entre o divino e o humano ao processo da criação. Admiravelmente o amplia ao revelar que Deus procura relacionar-se com sua criatura predileta na dinâmica da paternidade - é como filhos que Deus vos trata, lembra o apóstolo (Hb. 12,7). Esse amor paterno alcança sublime expressão na doação do próprio Filho, que encarnou-se com o explícito propósito de salvar a humanidade da condenação à mediocridade e do castigo da desesperança. Toda ação divina tem como motivação primeira satisfazer os mais profundos anseios do ser humano, com destaque ao anelo pela vida e pela liberdade. Formidavelmente, Santo Irineu, ilustre escritor cristão resumiu essas aspirações na emblemática expressão – a glória de Deus é o Homem vivo. Seria, então, lógico presumir que o ser humano, espontaneamente, buscasse em Deus sua realização. Afinal, quanto mais profundas a comunhão e a sintonia com o Criador, mais vibrante se torna sua existência. Emerge o paradoxo que transforma a história humana num progressivo drama! Inexplicavelmente, o ser humano, repetidamente, vem preferindo buscar em fontes outras a água onde saciar sua sede. Substitui o límpido riacho por águas barrentas que não somente não satisfazem a sede de viver, como causam úlceras e desarranjos vários que o mantêm enfermo e deprimido. É de Deus que a alma humana precisa: minha alma tem sede de vós, minha carne por vós anseia, exclama o salmista(Sl 63,2). Séculos mais tarde, um ilustre convertido e profundo conhecedor da alma humana não hesitou confessar: o ser humano por Ti foi feito e a alma humana permanece inquieta enquanto não repousa em Ti, Senhor (Santo Agostinho). É verdade, que o ser humano, não raramente, prefere escorar-se em rituais para simular sua ligação com o divino. Agarra-se ao símbolo para aquietar a consciência. É o caso, entre tantos, de gabinetes administrativos ou plenários legislativos que vistosamente exibem símbolos sacros, cujas mensagens, todavia, permanecem frequentemente ignoradas na hora de decidir e deliberar. Neste conflito existencial desponta a figura do sacerdote na mesma medida e intensidade que despontou a dimensão profética de Jesus Cristo ao contemplar seus conterrâneos que vagavam feitos ovelhas sem pastor. Relata o evangelista que ao contemplar a situação da multidão, o Senhor foi tomado de grande compaixão e entregou-se a ensiná-los e a curar-lhes as feridas. Emergem os dois fundamentais predicados a configurar a ação do sacerdote - e por que não? - de toda pessoa que aspira posição de liderança: genuína compaixão e sincera caridade. A compaixão motiva o sacerdote - e o aspirante a liderança - a procurar entender e atender as legítimas e urgentes aspirações das pessoas colocadas sob seus cuidados. E a caridade o instiga a fazer de sua vida e de suas aptidões um dom, uma dádiva incondicional no propósito de alcançar esses objetivos. Intui-se que o genuíno líder - tanto na esfera religiosa como na civil - deve vacinar-se contra as terríveis e desastrosas doenças da vaidade e da popularidade rasteira. Sabe-se, popularidade não é sinônimo de grandeza. Nem sempre quem goza - ou procura - aclamação popular seja necessariamente pessoa insigne. O fato de algumas lideranças gozarem de maciça aclamação popular não é garantia em absoluto que sejam cidadãos seriamente comprometidos com as reais necessidades de seus dependentes. Ao contrário, quando as lideranças passam a se preocupar em demasia com popularidade, geralmente abdicam de toda coerência doutrinaria e ideológica, pelo simples, e conhecido, fato que a aclamação popular é sempre muito volúvel, voraz e viciada. Não é tão raro, inclusive, perceber que o agrado das massas serve para escamotear mazelas ou encobrir vergonhosas omissões. Há muita gente influente que não é, nem de longe, eminente! A ausência de clareza de objetivos, e de firmeza em sua busca, por parte de várias lideranças é um dos principais fatores por detrás da grande crise existencial e moral que aflige a sociedade moderna. Carente anda a sociedade de lideranças conscientes, consistentes e coerentes. Lideranças que inspiram confiança, porque movidas pela compaixão e pela genuína caridade, atributos que os tornam despreocupadas com imagem e com índices de popularidade, mas empenhadas em propostas e ideais objetivamente substanciosas e socialmente benéficas. Compreensível é, em tempos de rápidos resultados, que, ser coerente e ter claros objetivos, gera confrontos. Suscita opositores. E críticos. Verdadeiros líderes não impõem. Convencem! Dialogam. Gente de visão mais larga, legítimas lideranças sabem conviver com quem pensa diferente. Conseguem enxergar que quem não partilha com suas propostas não é necessariamente adversário, apenas pensa diferente e pode, inclusive, colaborar para melhorar os bons projetos. Por isso, estão sempre abertas ao diálogo. A única atitude que o genuíno líder não admite, é trair sua consciência. Negar suas convicções. Ao recorrer à imagem do pastor, nosso Senhor Jesus Cristo deixou formidável tratado de genuína liderança. Alertou que, ao contrário do mercenário que, ao pensar exclusivamente em sua sobrevivência não hesita em abandonar e fugir, largando o rebanho à sanha de vorazes lobos, o pastor bom caminha a frente, defende e, se preciso for, dá a vida para salvar seu rebanho. Ao decidir entregar ao sr, D. Sérgio, o honrado título de cidadão araçatubense, esta Casa Legislativa, legítima representante do povo deste município, reconhece no sr. a benéfica liderança espiritual. Movido por compaixão e genuína caridade, o sr. tem se dedicado a mostrar Deus ao homem e apresentar o homem a Deus. Na condição de pastor bom, o sr. marca presença efetiva e afetiva e contribui para o real progresso e um harmonioso convívio entre os cidadãos. Ao desempenhar com firmeza e lealdade sua missão, o sr. confirma e torna atual a profética sentença do santo Cura D’Ars: não se é sacerdote para si, mas para servir e santificar. Parabéns D. Sérgio pela merecida distinção e ..... Feliz Aniversário! Pe. Charles Borg 29 de junho, 2016

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