
Sociedade sem pais! Assim está sendo visto e definido o convívio familiar e social. A constatação emerge da triste realidade de lares desfeitos e a consequente transferência da responsabilidade pela criação dos filhos às mães. Essa difusa realidade passou a insinuar, tanto pela sua triste frequência como também pelo heróico esforço das mães, que, de fato, os pais são dispensáveis. Fica-lhes reservada a obrigação de suprir financeiramente na criação e educação dos filhos. Há muito o que refletir sobre este suposto pragmático encaminhamento. Tanto há pais que se vingam das mães desligando-se dos filhos, como também há mães que fazem questão de reduzir o pai à condição de mera 'visita' no cotidiano dos filhos. Desentendimentos entre genitores não justificam distanciamento dos filhos. É preciso sempre ter em mente a surrada realidade: não foram os filhos que pediram para nascer. Foram os pais – pai e mãe - que os queriam e os geraram. Salve exceções, nenhum dos pais pode ser tratado ou apresentado como pessoa não desejada! Ou descartável!
Reflexão mais detalhada e isenta sugere ulteriores considerações. Pela ordem natural, a primeira pessoa a sentir a falta do pai é a própria mãe! O cuidado e a preocupação que envolvem a formação integral dos filhos impõem a presença física e afetiva tanto do pai como da mãe. Naturalmente, a mãe sente a necessidade da presença do pai, pelo outro fato elementar dos filhos terem um pai biológico. Ora, se não se gera filho sem a intervenção do pai, é lógico entender que para a criação e a educação dos filhos a presença do genitor é tão necessária e indispensável quanto da genitora. Famílias e sociedades sem pais representam convívios mutilados! Para todo orientador que lida com assuntos familiares essa conclusão é por óbvia. Tanto os filhos precisam do contato com o pai, como a mãe também sente a ausência do companheiro com quem divide angústias e preocupações. Incertezas e aflições. Alegrias e conquistas. E é natural que assim seja. Êxitos e conquistas conseguidas sem a presença do pai, por mais louváveis e formidáveis, não eliminam a psicológica e afetiva ausência do pai. Sucessos e realizações de carreira não cobrem o inato vácuo que a ausência do pai causa.
Fundamental é a presença do pai! Nos esquemas modernos da vida, muita coisa mudou. Percebe-se nas famílias a constante busca de identidade, tanto por parte do pai como da mãe. Diluíram-se as chamadas tarefas do gênero. Pai e mãe se complementam nas tarefas tanto domésticas como de berçário, desenvolvendo saudável cumplicidade e fecundo companheirismo. No entanto, apesar de tantas e tão radicais mudanças, persistem aqueles atributos peculiares ao gênero, fundamentais para a formação integral da identidade e para o equilíbrio da personalidade. Ao pai reserva-se a voz da autoridade, que nunca deve ser confundida com domínio, arbítrio, e muito menos com prepotência. À mãe, aquela inesgotável reserva de ternura, carinho e disponibilidade. Razão e ternura na dosagem certa criam e educam cidadãos saudáveis, orientados por valores transcendentes. Valores que não se desgastam com o tempo, nem se atrelam a condições sociais ou a posição de carreira. A psicologia moderna confirma que a identidade do jovem passa por vários estágios de experiências e experimentos antes de se firmar. Administrar mal essas fases mutila e atrasa o amadurecimento. É quando se faz mais necessária a participação societária dos pais. Seu zelo saberá usar de paciência para entender a necessidade desse processo. A razão saberá dosar o afeto e o afeto calibrará a razão de modo que se navegue seguro nessas jornadas turbulentas. Um precisará do outro para separar o flexível do inegociável, o essencial do contingente sem perder de vista a meta a ser alcançada.
Fundamental é o amor do pai! Diferente do carinho tenro da mãe, o amor paterno o complementa e o completa com suas peculiares prerrogativas de racionalidade e de decisão. Na confluência e generosidade dos afetos paterno e materno, o filho nasce e cresce convicto que é amado e querido, simplesmente porque é filho!
FELIZ DIA DOS PAIS!
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