Reflexões para crescer no amor a Deus, no amor aos irmãos e fortalecer-se na fé cristã.Viver, em suma!
sábado, 27 de agosto de 2016
ARTIGO:DEFENSOR SAGAZ
DEFENSOR SAGAZ
Causas delicadas exigem defesas atrevidas! Atrevimento é predicado essencial na arte da advocacia. Quando, então, a coragem se fundamenta em sereno discernimento, o êxito favorável à correta aplicação da justiça é quase garantido! Jesus teve seu dia de advogado criminalista. E como é comum nessas situações escabrosas, experimentou momentos de grande tensão e drama.
O cenário foi o Templo, onde o Mestre se encontrava ensinando as multidões. Repentinamente, um grupo de fariseus e escribas, gente de igreja e entendida em leis Sagradas, interrompe a instrução arrastando uma mulher pega em flagrante adultério. Recorrendo aos ensinamentos bíblicos, interpelam Jesus. "Que acha?". Argumentam que de acordo com a jurisprudência bíblica, a transgressora merece a pena de morte. Deve ser executada a pedradas. Situação carregada, face à alta voltagem de valores envolvidos: adultério, leis sagradas, morte e justiça. E para complicar, o local do embate: o Templo! Imperturbado, Jesus nada fala, rebaixa-se e rabisca no chão. A tensão aumenta pelo evidente contraste entre a agitação dos acusadores e a serenidade de Jesus. Os defensores dos bons costumes exigem a sentença do Nazareno. Sagaz, o Mestre intui que a mulher é apenas pretexto para colocá-lo em apuros. Por que não trouxeram também o parceiro da adultera, afinal nenhuma mulher comete adultério sozinha? E ela estava sendo ameaçada de morte. Jesus se levanta e apresenta seu primeiro argumento de defesa: quem nunca nada fez de errado, que jogue a primeira pedra! E para mostrar que intuía toda a situação, permanece do lado da mulher. As pedras feririam igualmente a ele também! A verdade estava sendo proclamada e a armação desmontada. Se os acusadores, de fato, conhecessem a Palavra de Deus, insinuava Jesus, concluiriam com facilidade que o Deus da vida jamais aprovaria uma condenação à morte, seja qual for o motivo. Nada mais absurdo que usar Deus para justificar a pena de morte. De mais a mais, as Escrituras Sagradas, repetem tantas vezes que Deus não vê vantagem nenhuma na morte do pecador. O que ele deseja é que os pecadores mudassem de conduta para poder viver de verdade.
Registra o evangelista, que os acusadores se afastaram, com os mais velhos a frente! Se o embate terminasse aí, o defensor Jesus já teria ganho a causa com o aplauso da assistência. Mas este defensor, além de perspicaz, é também redentor, no sentido mais puro e envolvente do termo. Sozinho diante da acusada, convida-lhe a olhar em volta e constatar que ninguém permaneceu para acusá-la. Ficou somente ele. Apresenta, então, seu segundo argumento de defesa: "Eu também não condeno você ... vai, em paz, mas mude de vida"! É o clímax da dramaticidade e da emoção, tão ao gosto de criminalistas. Jesus não pronuncia uma fórmula ritual, fala de coração para uma mulher moralmente despida, execrada. Olho no olho, revela todo o seu desinteressado amor por ela. Não, Jesus não aprova o adultério, mas quer muito salvar a pecadora. Sua posição é clara: enquanto ele estiver por perto, nenhum pecador corre perigo. Alentadora verdade! Jesus é defensor, não juiz! Veio para salvar, não para condenar. Ele defende tanto da morte física, como, e principalmente, dos nocivos efeitos espirituais. A morte da alma é bem mais trágica que a morte do corpo!
Os sólidos argumentos de defesa suscitam indagações pertinentes. Será que o pecador se sente protegido na Igreja como se sente seguro quando Jesus está por perto? Quanta gente entra nas igrejas com pedras na mão! Quantas sentenças de morte são decretadas e executadas em templos destinados a glorificar a Deus; não necessariamente mortes físicas, mas mortes morais, provocadas por ódios, iras e calúnias! Quanta hipocrisia, na verdade, pois, quem, nunca fez nada de errado? Quanta demora para acordar e enxergar! Quanta demora para mudar de vida e construir a paz!
O verdadeiro defensor do Homem está sempre a postos. Seu propósito não se restringe apenas a livrar de situações embaraçosas. Quer ver o pecador curado de seus vícios. Sagaz, quer ver o pecado apedrejado, mas remido o pecador!
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