Reflexões para crescer no amor a Deus, no amor aos irmãos e fortalecer-se na fé cristã.Viver, em suma!
sábado, 3 de setembro de 2016
ARTIGO: VENENO
Extrapolei! Não tive forças para me conter! Com esta cândida confissão, um dos denunciados na investigação do Lava Jato reconheceu a própria fraqueza diante da forte tentação de acumular fortunas por vias ilícitas. A ganância representa uma das mais graves ameaças à integridade humana. A cobiça corrói amizades, destrói honras, desintegra famílias! Quantos desentendimentos familiares por brigas envolvendo heranças! Quantas sociedades são desfeitas por apego excessivo ao dinheiro! Quanta carreira e honra são jogadas no lixo por causa da obsessão pelo lucro desmedido. Dinheiro não faz amigos, gera aproveitadores, mesquinhos egocêntricos. As atuais investigações do Lava Jato tornam evidente a mesquinharia do caráter humano. Enquanto navegavam na sombra da lei, os envolvidos se tratavam como amigos. Bastava o início das condenações para a amizade ir para o espaço e abrir-se a torneira das delações. A desonestidade era escandalosamente interesseira. Para salvar a própria pele e reduzir penalidades, amigos entregam parceiros. Enterra-se a lealdade, sobram apenas interesses pessoais.
Não é de se admirar que a ganância figura entre as maldades mais combatidas e denunciadas por Jesus Cristo. Profundo conhecedor da alma humana, o Mestre de Nazaré não hesita em alertar quanto ao perigo que o amor desmedido ao dinheiro representa para a alma humana. Ao declarar o amor ao dinheiro incompatível com a condição de discípulo, o Senhor Jesus ensina que este vício leva inevitavelmente a ruína do ser humano. Afinal, o pecado não é transgressão de um código, mas um hábito que mina a saúde integral do ser humano. O amor ao dinheiro é um desses males que exige vigilância constante. Primeiro, porque ter dinheiro é condição necessária para sobreviver. Sem renda não se compara alimento, não se consegue remédio, não se garante teto, nem agasalho. Não se sustenta família. É preciso, portanto, ter dinheiro. Muitos são os que o ganham honestamente, trabalhando, investindo. No entanto, em uma cultura que sempre exalta o ter e o aparecer, brota sutil e persistentemente a tentação de sempre querer acumular mais. Argumenta-se que é preciso sempre ter uma reserva para eventuais emergências. Ou para assegurar novos, e legítimos, confortos para a casa. O que há de mal, nisto, argumenta-se. Absolutamente nada! É exatamente aí que mora o perigo, pois se o sujeito não prestar atenção, começa, aos poucos, a se tronar obcecado pelo dinheiro. Argumentos não faltam para justificar acúmulos e reservas. Quando despertar, o sujeito se vê tão envolvido pelo amor ao dinheiro que começa a inventar justificativas para sua avidez e pela resistência a não repartir. É o indicativo que o vício tomou conta. Seguem o obscurecimento do discernimento, a frieza do coração. Já não se vive com o dinheiro. Se vive pelo dinheiro. A semelhança do colesterol e da glicose, o amor ao dinheiro vai minando sorrateiramente a saúde espiritual e a dimensão humana do sujeito. Quando se dá conta o enfarto é iminente. Letal!
O Médico das almas não se contenta em apenas denunciar a maldade, ensina como preveni-la. Contra a forte tendência do acumulo, o remédio é a partilha. Emerge a sublime sabedoria do Senhor Jesus. Ao recomendar a partilha, ele a atrela à generosidade de coração. Para partilhar não é preciso ter muito, basta querer dividir. A solidariedade não depende de volume de recursos, mas da largueza do coração. Ninguém é tão pobre, profetizou João Paulo II, que nada tem a repartir! Pessoas há que dizem estar dispostas a repartir, mas somente depois de terem assegurado a própria subsistência. Outro engano que serve somente para anestesiar consciências. Quem deixa para depois, nunca ajuda. Este ‘depois’ nunca chega. Novas necessidades surgem, pretextos para justificar a postergação.
Apego excessivo ao dinheiro sempre provoca estragos em todas as instâncias do convívio. A semelhança de veneno sofisticado, vai agindo furtivamente até alcançar e paralisar órgãos vitais. Com consequências desastrosas. Compensa muito dar atenção à alerta do Mestre e prevenir a morte definitiva.
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