ARTIGO: MADRE TEREZA

MADRE TEREZA No último domingo, 4 de setembro, Papa Francisco canonizou madre Tereza de Calcutá. A mídia internacional deu inusitado destaque ao evento, certamente por causa do impacto que a vida e a obra dessa humilde religiosa albanesa ainda provoca no mundo, independentemente de credos e ideologias. Dois sacerdotes malteses registraram suas impressões e relataram detalhes de encontros que tiveram com a religiosa ganhadora do Nobel da Paz. Selecionei frases e partilho comentários, que, revelam a grandeza interior dessa miúda servidora de Deus e dos pobres. São reflexões que interpelam e que induzem, espontaneamente, a reavaliar vida e preferências. Deus opera maravilhas com meios insignificantes. Indagada acerca do que sentia em seus momentos de oração, confidenciou com candura: Nada sinto. Simplesmente sei que o Senhor está presente. Em Deus acredito como se confia a um pai solícito. Orientava suas religiosas: aproximem-se dos pobres com a mesma reverência com que o sacerdote pega na hóstia consagrada. Você já viu a fome? Indagou ao comentar a experiência de uma tarde quando levou arroz a uma família faminta. Ao entregar a pequena quantia de arroz, a mãe de família separou o que julgou necessário para os seus e pegou o restante e saiu correndo. Ao voltar, a freira indagou o que fez com aquele arroz. Disse a mulher Hindu: meus vizinhos são muçulmanos, mas também passam fome. A fome une os diversos e a caridade aproxima os diferentes! Diante de sua carregada rotina, tornada ainda mais complexa devido às constantes solicitações para depoimentos e entrevistas, foi sugerido à Madre que administrasse melhor seus compromissos. Sempre pronta a servir, sem paternalismos e sem nenhum vestígio de vanglória, costumava responder: se alguém me chama, é sinal que precisa de mim! Solicitada por um jornalista inglês para descrever seu trabalho, respondeu: algo bonito para Deus! Ao acompanhar uma visita à Casa dos moribundos, Madre Tereza comentou: viviam como se fossem animais, aqui morrem como anjos! Num encontro, um arcebispo emérito perguntou-lhe: Madre, na minha idade, logo aparecerei diante do Senhor. Diga-me qual será o critério para meu julgamento? Respondeu; o Senhor Jesus lhe fará apenas uma pergunta: que fez em favor dos meus pobres? O bispo confidenciou que passou a refletir diariamente: que fiz eu em favor dos pobres? O jornalista Christopher Hitchens escreveu um livro em 1996 tecendo duas críticas ao trabalho desenvolvido pela religiosa. A obra causou grande desconforto entre as religiosas que acompanhavam a freira. Interpelada, costumava responder: Oremos por ele e sigamos com o nosso apostolado!