Reflexões para crescer no amor a Deus, no amor aos irmãos e fortalecer-se na fé cristã.Viver, em suma!
domingo, 23 de outubro de 2016
EXEMPLO DO LAR
EXEMPLO DO LAR
Criança aprende imitando! Antropólogos e pedagogos confirmam esta premissa fundamental, em especial quando se trata de valores a moldar caráter e personalidade. Na educação oferecida para as crianças, tanto no lar como na escola, observa-se o empenho na transmissão de uma cartilha oficial, o repasse de ensinamentos tradicionais. São as orientações padrão que todo educador sente-se na obrigação de transmitir. Quando, porém, se repara como, em determinadas situações, esses mesmos educadores reagem, nota-se que suas atitudes nem sempre correspondem à instrução verbal transmitida. O ensinamento oral nem sempre é acompanhado pela correspondente postura. Isso induz a criança a acatar, convencionalmente, as orientações, sem, contudo, se convencer no mais profundo da sua consciência. É frequente observar florescer esta 'rebeldia' quando a criança atinge a emancipação. Enquanto está sob a tutela dos pais, ela segue a cartilha imposta. Ao se perceber 'adulta', recusa-se seguir o manual convencional, para adotar aquele outro comportamento seguido pelos educadores emancipados.
A catequese é mais um campo ideal para verificar esta tese. Muitos pais consideram como obrigação encaminhar os filhos ao catecismo. Louvável inspiração, sem dúvida. No entanto, nem sempre atentam à maneira com que a religião é vivida no cotidiano da família. Julgam imprescindível a formação religiosa, inadiável a catequese, esquecem, apenas, que a verdadeira catequese é dada no lar, na vivência familiar, onde é possível medir a real ascendência e influência dos valores religiosos. Não é tão raro constatar existir verdadeiro abismo entre o que se ensina e o que se pratica. Impõe-se sobre as crianças a participação na vida da igreja sem levar em conta que, frequentemente, o exemplo puxa para o lado contrário, uma vez que os pais pouco valor dão a este tipo de participação. Como é que uma criança vai se compenetrar da importância da prática religiosa em sua vida, se em casa ela percebe justamente o contrário? A criança percebe a distância que existe entre o formal e o real e capta onde está a preferência verdadeira de seus educadores. Intui que em sua família a religião é uma formalidade, convencional adereço, sem nenhuma real influência no cotidiano da vida. Instintivamente, pauta sua conduta de acordo com o exemplo que vê.
Avaliação idêntica se aplica para as chamadas virtudes sociais. A criança ouve no lar e na escola o discurso protocolar exaltando a paz, a solidariedade, a justiça. Na prática do cotidiano, contudo, o que ela percebe é justamente o contrário. Intui que os verdadeiros valores que movem a vida dos pais, ou dos educadores, estão distantes daquilo que se enuncia. Fala-se de paz, mas vive-se agredindo, desrespeitando o outro e cultivando preconceitos. Exalta-se a solidariedade, mas o que repara são constantes atitudes egoístas, projetos e deleites consumistas, ignorando totalmente ou mesmo menosprezando os interesses do semelhante. Ouve falar de justiça, mas enxerga indiferença. Repara a indignação diante da corrupção oficial, ao mesmo tempo que constata a satisfação no golpe esperto que alguém da família dá e que resulta em vantagens desonestas. A criança, sensível e perspicaz, percebe onde estão as verdadeiras preferências dos pais, ou dos educadores, e instintivamente se inclina para os abraçar.
São muitos os pais, principalmente, mas também os educadores, que andam apreensivos quanto ao futuro das próximas gerações. Investem pesado em matrículas e material escolar. Selecionam as melhores escolas, mesmo com consideráveis sacrifícios e generosas renúncias. Empenham-se em encaminhar as crianças para a igreja. Todas essas iniciativas louváveis encontrarão o êxito desejado, contudo, a partir do exemplo que se dá no lar. Criança aprende vendo. Criança aprende observando. Criança aprende imitando. Acostumada a enxergar comportamentos ambíguos, seguirá por condutas convencionais, ajustáveis de acordo com as circunstâncias. Habituada, por outro lado, a enxergar comportamentos coerentes, convicções sólidas e fundamentadas, reconhece o valor e os adota, naturalmente. Criança sabe enxergar coerência e segue, sem muito esforço, o exemplo que vem do lar!
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