sábado, 12 de novembro de 2016

HOSPITAL DE CAMPO

A Igreja Católica inspira confiança. É o que se deduz do resultado da pesquisa realizada pelo Instituto Getúlio Vargas sobre o índice de confiança da população brasileira. Encabeça a lista o Exército (59%), seguido justamente pela Igreja Católica (57%). Possuem esses números relevância especial, dado o fato da facilidade e da rapidez com que, hoje, correm notícias, tanto boas quanto ruins. A grande maioria dos cidadãos anda informada, acompanha em tempo real acontecimentos e comentários. Reconhece-se também que notícias negativas atiçam maior curiosidade. De alguns anos para cá, casos de pedofilia envolvendo padres como também denúncias de ostentação por parte de religiosos tem conseguido considerável destaque. O evidente sensacionalismo que acompanha as denúncias gera compreensível desconforto e justificadas apreensões. O resultado da pesquisa indica que a população reconhece que o número de bispos e sacerdotes realmente empenhados em suas tarefas pastorais supera de muito a lista dos que se desviam do caminho. Ilação outra importante destaca ainda mais um aspecto. Além das notícias que correm na mídia e nas redes sociais, a população conhece a outra realidade do cotidiano. No dia-a-dia, muitos clérigos marcam salutar presença na vida das famílias, visitando doentes, amparando pobres, atendendo pessoas aflitas, educando crianças, atividades que não viram notícias, mas que mudam histórias de muita gente. Há falhas e infidelidades, inerentes à condição humana. A Igreja assume ser pecadora. Reconhece, todavia, que também é santa, depositária e administradora das multiformes graças divinas. Há de registrar que essa presença, na maioria das vezes, é modesta e silenciosa, distante daquela outra ruidosa, que faz questão do espetáculo como recurso para atrair adeptos. Muitos acabam frequentando esses templos por impulsos gravitacionais. Quando, todavia, a necessidade de algo substancioso aparece, as pessoas não hesitam em procurar espaços mais ponderados e acolhedores. Tem se comentado muito a aparente debandada de católicos para outros credos cristãos. Certas liturgias pentecostais, com suas coreografias e bandas, parecem estar mais na moda, agradando e atraindo numerosas pessoas. Pelo resultado da enquete, porém, é se induzido a concluir que as pessoas, na realidade, valorizam mais conteúdo que coreografia, mais evangelho que milagres, mais ensinamentos que emoções. Ratifica-se outra verdade lapidar: igreja não é tanto lugar para gente ir, mas comunidade a que se pertence. Longe de inflar a vaidade, o alto índice de confiança, redobra a responsabilidade da Igreja Católica. Na sua condição de instituição e particularmente no exercício do ministério de seus sacerdotes, a Igreja deve se cobrar uma fidelidade cada vez maior ao legado do evangelho. Se goza de tamanho respeito, isso é claro indicativo do seu empenho em transmitir, na integridade, a boa notícia do evangelho. A prudente distância do poder político a mantém livre a manifestar-se, com sobriedade e prudência, sobre as várias situações que envolvem a vida da população. Preocupada com a fidelidade ao Evangelho, a Igreja não fala aquilo que o povo quer ouvir, mas diz o que precisa ser ouvido. Sem rancores, mas também sem medos, anuncia suas verdades e as defende, porque acredita fielmente que sendo verdades divinas representam as únicas pistas para um bem estar digno e uma felicidade duradoura para o ser humano. Seu objetivo não é ser popular, mas estar a serviço do ser humano. É a missão que recebeu do seu divino fundador. E quanto mais fiel ela for a esta missão, mais destacada fica a figura do seu divino fundador. A preocupação não é com números, mas em fazer bem feita a tarefa recebida. Afinal, é Cristo que precisa crescer! É Cristo que precisa ser conhecido, amado e seguido! Índices e adesões são consequências, não objetivos! Antes de ser tenda de milagres, a Igreja de Jesus Cristo é chamada a ser hospital de campo!

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