
Em silêncio sofre uma multidão de jovens! Pesquisas recentes divulgadas em várias revistas especializadas expõem dados alarmantes sobre a saúde física e psicológica de jovens e adolescentes. Um em cada dez jovens na faixa dos 20 anos passa por crises de depressão. As pesquisas apontam para os possíveis fatores que levam os jovens a esse estado de desgosto com a vida, com destaque ao desemprego, a morar em lares sem um dos pais, ou mesmo sem nenhum, ao abuso com substâncias químicas. Esse último quesito provoca atualmente entre peritos e legisladores crucial dilema, pois enquanto a maioria dos países tende a descriminalizar o uso de substâncias químicas, profissionais da área de saúde alertam para os estragos causados na integridade física e psíquica do usuário. Quanto mais cedo o adolescente entra em contato com essas substâncias maior o impacto sobre as capacidades mentais e cognitivas do jovem. Maior o risco de uma dependência futura. Neste complicado e difuso quadro salta outra constatação perturbadora: aumenta o número de suicídios entre adolescentes. Pesquisas confiáveis dão conta que o número de suicídios entre jovens supera o numero de mortes por acidente de tráfico. O jovem está ficando cada vez mais solitário e 'quieto', tímido e inseguro - e o que vale para o jovem estende-se proporcionalmente para o cidadão em geral. Emerge paradoxal contraste: enquanto a sociedade progride em formidáveis conquistas tecnológicas, o ser humano, ao invés de sentir-se realizado, afunda na depressão! Doente está a sociedade! Necessitada urgentemente de cura!
Interessante observar que ao usar a palavra 'cura' a Bíblia entende, na maioria das vezes, a atenção que se deve dar às pessoas que sofrem! Para o livro Sagrado, o ser humano deve assemelhar-se a um veio de água fresca para o sedento! Esse dado comportamental vem ao encontro da realidade verificada na prática ambulatorial. A atenção dada ao doente complementa admiravelmente os procedimentos terapêuticos prescritos pelos profissionais de saúde. Sem diminuir, evidente, a importância da assistência médica, é legítimo afirmar que a base indispensável para a recuperação integral do paciente é o carinho que a ele se dedica. Emerge outro dado preocupante e que é, possivelmente, responsável pelo estágio atual de desalento do cidadão. Ouve-se, com frequência, que não se tem tempo para dedicar ao semelhante! Culpa-se o ritmo acelerado da vida moderna para justificar o distanciamento do irmão. As inúmeras tarefas que o ritmo moderno impõe impedem que se dê atenção ao outro. Vive-se ocupado tanto com os próprios afazeres, que não se encontra mais tempo para socializar-se. O outro, não raramente, é visto como estorvo, alguém que vem atrasar a agenda de compromissos. Essa possibilidade induz as pessoas a evitarem colegas com problemas. Desponta, nessa conjuntura, a mais aguda enfermidade que prostra atualmente o ser humano: a indiferença. Só se tem tempo para assuntos pessoais ou somente para pessoas consideradas íntimas ou interessantes. Só se tem disposição para o imediato produtivo! Por sua vez, o cidadão ferido intui que é motivo de embaraço para o outro. E escolhe encolher-se, sofrer em silêncio. Entende-se porque a depressão é a ferida maior que prostra o cidadão moderno.
Embora grave, esta ferida tem cura! E a terapia está ao alcance de cada cidadão! Basta reconhecer que o problema não é tempo, mas disposição. Vontade de colocar-se ao lado da pessoa ferida. Tempo sempre se encontra para os assuntos que interessam. Tempo é questão de preferência, lembra acertadamente o ditado. Ao se compenetrar que prevenir é sempre mais eficaz e barato que remediar, passa-se a enfrentar essa suicida barreira imposta pela cultura moderna, e aproximar-se do semelhante. Quanto maior a socialização menor o isolamento, mais fácil ficará curar feridas!
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