
PONTO FINAL
Sob forte emoção, o raciocínio embaça! O trágico desastre que atingiu o time e a cidade de Chapecó comoveu o país e o mundo.Sob forte emoção, jornalistas e comentaristas precisavam manifestar-se, escrevendo, reportando, falando! A consternação e a urgência de apresentar matérias dificultam, compreensivelmente, a serenidade do raciocínio, e levam profissionais a redigir comentários precipitados e, inclusive, preconceituosos. Destaca-se, na contramão dessa tendência, a confidência de Paulo Paixão, renomado preparador físico, que no acidente perdeu seu segundo filho, também em acidente aéreo: "a hora é de reflexão, as pessoas precisam refletir sobre suas vidas". Na dor aguda, como também nas grandes alegrias, a postura certa é o retiro, o silêncio, a reflexão!Evitam-se dessa forma comentários preconceituosos, que agridem sentimentos profundos e pessoais como os feitos por um renomado jornalista que menosprezou a importância da religião em situações semelhantes.Afirmou ser inócua e infantil a atitude de pedir socorro a divindades imaginárias! Tudo depende do acaso, sentenciou, e o ser humano é, simplesmente, uma peça solta no grande e imprevisível tabuleiro da vida.Quem escreve, comenta ou prega deve acender luzes e não intensificar as brumas.
O renomado jogador Tostão, hoje comentarista e médico por formação, afirmou com sóbria precisão que a vida acaba de várias maneiras. Pontual e ponderado, Tostão reafirmou o que a ciência médica constata: a vida tem começo e tem fim.Prudente, absteve-se de fazer ulteriores comentários. De fato, a vida acaba de várias maneiras, algumas inexplicavelmente dolorosas, como esta do time do Chapecó. Este enunciado é, contudo, parte da realidade da história humana! A dor da separação fica insuportável, quando gerida tão somente pela ótica humana. Porque a morte não deixa de ser uma afronta contra a vida. Fica-se no exemplo do time de Chapecó.Vivia uma das mais festejadas fases de sua trajetória. Independente do resultado da decisão da Copa sul-americana, o fato de ter chegado à final já é uma glória! E, de repente, toda essa vibração, espatifa literalmente no chão!
A mente humana simplesmente não se resigna diante desse tipo de fatalidade! É verdade que os peritos vão encontrar as prováveis causas por este acidente, mas isso não preenche o vazio que a partida de um ente querido deixa! Se não tiver algo onde se apoiar, se não tiver uma luz para ajudar a mente a raciocinar e o coração a consolar-se, a previsível tendência é cair no desespero e no fatalismo. A vida perde totalmente o sentido. A vida continua, costuma-se dizer, mas precisa prosseguir com propósito.
A religião, particularmente a cristã, oferece precioso apoio,porque encara a morte não como fim definitivo, mas como passagem para vida plena. Na fé cristã, o ser humano não é somente corpo, é também espírito. Possui alma imortal!Instruído na fé, o cristão está convencido que o fim não é a morte, mas a ressurreição! Terminada a peregrinação terrena, seja de que maneira for, o ser humano não deixa de existir. O corpo morre, mas a alma sobrevive e tem um encontro com o Deus-Criador, o Deus da misericórdia que perdoa e esquece falhas, mas contabiliza boas obras. Instruído na fé, o cristão sabe que sua verdadeira morada é a casa do Pai, para a qual caminha e onde espera ser acolhido!
A fé não previne tragédias! Nem explica desastres! A fé dá condições para encarar de frente todas as situações, tanto as jubilosas como as trágicas! Nesta ocasião específica da tragédia, a fé adestra a olhar além das aparências. Ao mesmo tempo em que se chora de dor pela inesperada perda de um ente querido, a fé ensina que a morte é como uma vírgula na redação da existência. O ponto final é a ressurreição. Educada na fé, a pessoa, mesmo alquebrada, não se rende. Não se desespera. Não amaldiçoa o destino! Não estaciona no passado, mas olha para frente. É isto, a fé ensina a olhar para frente e, mesmo ferido, o sujeito se levanta, cuida das feridas, e retoma, resoluto, sua jornada rumo ao ponto final!
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