
É época de projetos! Costuma-se iniciar o ano com propósitos em vista de elevar para melhor o cotidiano da vida. Os ousados e otimistas fazem lista de tarefas. Habitualmente, esses propósitos raramente são integralmente cumpridos. Além da multiplicidade de anseios, o cotidiano é cheio de imprevistos, exigindo constantes ajustes. Essas improvisações podem levar o sujeito a desacreditar de si próprio, a dispensar planejamentos para conformar-se com a medíocre rotina. Contraponto ao desânimo que habitualmente acompanha o desmoronamento das metas emerge a sensata confiança de quem abre mão de listas de tarefas para concentrar esforços em reduzidos objetivos, resiliente à imprevistos. É mais compensador e sábio fazer pouco, mas benfeito e com persistência! Realizações e sucessos nunca vêm prontos nem dependem da sorte. São consequências de sério empenho. É a premissa chave na atual mentalidade que insinua ser possível sucesso sem esforço, dinheiro sem trabalho, prazer sem compromissos, benefícios sem custos.
Uma segura sugestão de postura-guia para quem quer fazer a hora e não esperar acontecer, é a adoção da caridade como conduta prioritária de referência. A rotina diária ficará seguramente melhor ao adotar a caridade como linha mestra de comportamento. Entende-se por caridade a opção de tratar com generosa consideração a todas as pessoas, indistintamente. O detalhe nesta proposta, é que a escolha seja fundamentalmente pessoal, livre e decidida. Uma opção pensada e querida! Pois vive-se numa cultura onde o outro somente tem valor enquanto representa alguma utilidade. Ao escolher agir com caridade, o sujeito assume tratar com respeito o semelhante em qualquer circunstância, seja ela vantajosa ou desfavorável. É um programa com evidentes exigências, pois envolve, previsivelmente, uma rigorosa disciplina sobre as inatas tendências de simpatias e antipatias. Implica ainda o propósito de seguir agindo com educação sem consultas a planilhas de contabilidade. Entende-se porque a opção só pode ser pessoal, livre e firme. Afinal, são muitas as situações tensas enfrentadas nas lidas cotidianas, tanto no espaço familiar, como também em ambiente de trabalho e no convívio social. Nos vários contratempos da vida fica fácil encontrar fundadas justificativas para abandonar o respeito e ignorar o próximo. O intrínseco valor do propósito aliado à seriedade do compromisso assumido não admitem, todavia, concessões e retrocessos.
Agir incondicionalmente com caridade demanda, como ulterior predisposição, humildade. Agir com humildade significa, em linhas gerais, esquecer-se do ego. Vigiar que os próprios interesses não ocupem o centro da própria atividade. Mesmo uma rápida análise sobre o comportamento moderno induz a perceber que o egocentrismo representa um dos graves entraves para um salutar convívio entre cidadãos. O obsessivo narcisismo dificulta, entre outras atividades, a possibilidade de um diálogo produtivo. Fechadas nos próprios valores, as pessoas estão desaprendendo a dialogar. Não se sabe mais escutar. Multiplicam-se as vozes, reduzem-se os ouvidos! Só se dá atenção ao que se quer ouvir! Fenômeno intrigante no atual convívio social indica que as pessoas escutam apenas a quem pensa igual. Sumariamente se desqualifica quem pensa diferente. Não se suporta contestação! Postura preconceituosa, que priva o sujeito de ampliar conhecimentos e barra terminantemente a possibilidade de conversações saudáveis e produtivas. Sem diálogos desarmados caminha-se, perigosamente, para o isolamento. Urge cultivar a humildade, se o propósito permanece agir com caridade.
A realização depende das escolhas que se fazem! Escolher a caridade como postura-guia para o ano que começa representa, fundamentalmente, agir com gratuidade. Agir com gratuidade resulta em desempenhar tarefas e abraçar iniciativas sem pensar em recompensas ou reconhecimentos. É agir pela satisfação de fazer o bem, de estar a serviço! É conhecer, enfim, a alegria e a leveza da liberdade!
FELIZ ANO NOVO!
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