sábado, 7 de janeiro de 2017

SÁBIO EDUCADOR

Conhecimento não é garantia de sabedoria! Nem toda pessoa culta pode ser avaliada sábia! Há uma diferença substancial entre juntar conhecimentos e agir com discernimento. É inegável enriquecimento a aquisição de variadas informações. No entanto, quando a procura pelo conhecimento é motivada pela vaidade, a cultura resultante pode transformar-se em arma perigosa. O sujeito que busca alargar o conhecimento por soberba ostentação alimenta um impulso, que pode inclusive ser inconsciente, pela dominação. A ambição do ‘doutor’ é não ficar atrás de ninguém. Não admite sentir-se inferior ou perceber-se dependente de outrem. Ao dominar leque amplo de assuntos o sujeito se julga preparado e, simultaneamente, independente. Conhecer é poder! Traço comum entre os adeptos dessa mentalidade, é negar dividir informações e conhecimentos com terceiros. Elaboram rígido código de segredos, que tentam justificar com os mais variados argumentos. Interessante perceber esse comportamento em várias áreas de vida. Há cozinheiros, por exemplo, que não dividem receitas com terceiros. Têm ciúmes de suas competências. Aspiram excelência para gerar dependência. Receiam dividir experiências para segurar hipotética hegemonia, manter submissos os admiradores e dependentes os clientes. Transportados para área estritamente profissional, segredos de produção e de carteiras costumam gerar acirradas rivalidades e concorrências. Campo propício para traições, vinganças e chantagens! Quando o conhecimento fica atrelado a ideologias ou submisso a preconceitos, as consequências negativas, alem de se multiplicar, tornam-se ainda mais nefastas. Ideologias distorcem conhecimentos. Ciência se transforma em propriedade particular. Fica fácil intuir o poder de manipulação, e de chantagem, quando uma pessoa ou um grupo se apossa de informações estratégicas. Ao guardar zelosamente esses conhecimentos estende-se o domínio e o arbítrio sobre os outros, particularmente sobre os mais indefesos. É a política adotada por governos e instituições que decidem despoticamente o que pode e o que não pode ser ensinado e divulgado. Além de não investirem em educação, patrulham ainda a formação administrada. Dificultam o acesso livre a informações diversas. Ideologias empobrecem a cultura, pois a sujeitam a parcial leitura. Receiam ampliar o conhecimento, pois informados os cidadãos deixam de ser submissos súditos, manipulados e crédulos, e passam a formar opiniões próprias, não raramente contestadoras e incômodas. Criam-se guetos de conhecimentos cuja preocupação maior é aumentar a vigilância e restringir acessos à informação. Nessas confrarias o clima é de receio e de intranquilidade, propenso a favorecer largamente a ampliação de privilégios e o recurso a subornos e chantagens. Bem diverso é o ambiente onde impera a sabedoria. O sábio distingue-se do culto na postura. Semelhante ao culto, buscar ampliar seus conhecimentos, mas com a finalidade de pô-los em prática. De usá-los, enfim. E ao perceber os avanços reconhecidos, tem o prazer em partilhá-los com o maior número de pessoas. A persistência do sábio na busca de melhorar o entendimento difere da do culto na atitude humilde de quem reconhece que precisa saber sempre mais, não para inchar-se de soberba, mas para poder beneficiar maior número de pessoas. Quanto mais o sábio conhece, mais satisfação sente em partilhar. Todo sábio é educador! O sujeito culto, ao contrário, quanto mais conhece mais se enche de empáfia. Entende-se porque é prazeroso dialogar com pessoa sábia. Está sempre aberta a novos conhecimentos, sem medo, inclusive, de ajustar os próprios conceitos quando os perceber equivocados. Bem diferente, a postura do presunçoso. Teimoso, não escuta. Arrogante, fala alto. Prepotente, desqualifica opositores. Destorce leituras e manipula fatos para impor suas teses. O sábio, ao contrário, adota diversa estratégia! Ouve. Filtra. Reflete. Ciente da consistência da sua argumentação, manifesta-se com firmeza, sem perder elegância. Intui que em certas circunstâncias é preferível resguardar-se, confiante que com o tempo a verdade se sobrepõe naturalmente. Sua preocupação não é com a própria imagem, mas com o contributo que tem para dar. Sábios não costumam ser apavorados. Sábios costumam saber esperar! Ampliar conhecimentos é recomendável ambição! Dividi-los com alegria é saudável sinal de sabedoria! Todo sábio é naturalmente educador!

Nenhum comentário:

Postar um comentário