sábado, 28 de janeiro de 2017

NÃO - VIOLÊNCIA

NÃO-VIOLÊNCIA Celebra-se dia 1º de janeiro o Dia Mundial da Paz! Habitualmente, o Papa divulga uma mensagem para enriquecer a reflexão das pessoas de boa vontade. O tema da mensagem deste ano é: Não-violência: estilo de uma política para a paz. Separei alguns trechos da mensagem do Santo Padre com o objetivo de tornar o texto mais conhecido e, simultaneamente, alimentar a reflexão sobre tão atual assunto. As palavras do Papa Francisco se revestem de impressionante atualidade no contexto do conturbado clima reinante nas penitenciárias do norte do país. Escreve o Papa: "No início deste novo ano, formulo sinceros votos de paz aos povos e nações do mundo inteiro. Almejo paz a todo o homem, mulher, menino e menina, e rezo para que a imagem e semelhança de Deus em cada pessoa nos permitam reconhecer-nos como dons sagrados com uma dignidade imensa. Nesta ocasião, desejo deter-me na não-violência como estilo duma política de paz, e peço a Deus que nos ajude, a todos nós, a inspirar na não-violência as profundezas dos nossos sentimentos e valores pessoais. Sejam a caridade e a não-violência a guiar o modo como nos tratarmos uns aos outros nas relações interpessoais, sociais e internacionais. Não é fácil saber se o mundo de hoje seja mais ou menos violento que o de ontem, nem se os meios modernos de comunicação e a mobilidade que caracteriza a nossa época nos tornem mais conscientes da violência ou mais rendidos a ela. Porventura a violência permite alcançar objetivos de valor duradouro? Tudo aquilo que obtém não é, antes, desencadear represálias e espíritos de conflitos letais que beneficiam apenas a 'poucos senhores da guerra'. Responder à violência com violência leva, na melhor das hipóteses, a migrações forçadas e a atrozes sofrimentos, porque grandes quantidades de recursos são destinados a fins militares e subtraídas às exigências do dia-a-dia dos jovens, das famílias em dificuldade, dos idosos, dos doentes, da grande maioria dos habitantes da terra. O próprio Jesus viveu em tempos de violência. Mas, perante esta realidade, ele pregou incansavelmente o amor incondicional de Deus, que acolhe e perdoa, e ensinou a seus discípulos a amar os inimigos e a oferecer a outra face. Por isso, quem acolhe a Boa Nova de Jesus, sabe reconhecer a violência que carrega dentro de si e deixa-se curar pela misericórdia de Deus, tornando-se assim, por sua vez, instrumento de reconciliação, como exortava São Francisco de Assis: 'a paz que anunciais com os lábios, conservai-a ainda mais abundante nos vossos corações'" “Por vezes, entende-se a não-violência como rendição, negligência e passividade, mas, na realidade, não é isso. Quando a Madre Teresa recebeu o Prémio Nobel da Paz, declarou claramente qual era a sua ideia de não-violência ativa: ‘na nossa família, não temos necessidade de bombas e de armas, não precisamos de destruir para edificar a paz, mas apenas de estar juntos, de nos amarmos uns aos outros’. Como testemunho entendeu que a sua missão é ir ao encontro das vítimas com generosidade e dedicação, tocando e vendando cada corpo ferido, curando cada vida dilacerada. Este compromisso a favor das vítimas da injustiça e da violência não é patrimônio exclusivo da Igreja Católica, mas pertence a muitas tradições religiosas, para quem ‘a compaixão e a não-violência são essenciais e indicam o caminho da vida’. Reitero-o aqui sem hesitação: nenhuma religião é terrorista. A violência é uma profanação do nome de Deus. Nunca nos cansemos de repetir: jamais o nome de Deus pode justificar a violência. Só a paz é santa. Só a paz é santa, não a guerra. Se a origem donde brota a violência é o coração humano, então é fundamental começar por percorrer a senda da não-violência dentro da família. Esta constitui o cadinho indispensável no qual cônjuges, pais e filhos, irmãos e irmãs aprendem a comunicar e a cuidar uns dos outros desinteressadamente e onde os atritos, ou mesmo os conflitos, devem ser superados, não pela força, mas com o diálogo, o respeito, a busca do bem do outro, a misericórdia e o perdão. Neste sentido, lanço um apelo a favor do desarmamento, bem como da proibição e abolição das armas nucleares. Com igual urgência, suplico que cessem a violência doméstica e os abusos sobre mulheres e crianças. As políticas da não-violência devem começar dentro das paredes de casa para, depois, se difundir por toda a família humana. A construção da paz por meio da não-violência ativa é um elemento necessário e coerente com os esforços contínuos da Igreja para limitar o uso da força através das normas morais, mediante a sua participação nos trabalhos das instituições internacionais e graças à competente contribuição de muitos cristãos para a elaboração da legislação a todos os níveis. Este é um programa e um desafio também para os líderes políticos e religiosos, para os responsáveis das instituições internacionais e os dirigentes das empresas e dos meios de comunicação social de todo o mundo: aplicar as Bem-aventuranças proclamadas por Jesus na forma como exercem suas responsabilidades. Claro é possível que as diferenças gerem atritos: enfrentemo-los de forma construtiva e não-violenta, de modo que as tensões e os opostos possam alcançar uma unidade multifacetada que gera nova vida, conservando as preciosas potencialidades das polaridades em contraste. Todos desejamos a paz; muitas pessoas a constroem todos os dias com pequenos gestos; muitos sofrem e suportam pacientemente a dificuldade de tantas tentativas para a construir. Comprometamo-nos, através da oração e da ação, a nos tornar pessoas que baniram de seus corações, palavras e gestos, a violência, e a construir comunidades não-violentas, que cuidem da casa comum. Nada é impossível, se nos dirigimos a Deus na oração.

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