
Propósitos canalizam energias! Quando se trabalha com objetivos definidos e claros há um natural e sábio uso de recursos e de potencialidades. O desgaste costuma ser menor e o prazer em alcançar metas fica mais evidente. Apesar do laborioso e intenso empenho, experimenta-se interior serenidade. Trabalha-se intensamente, mas sem agitação e nervosismo. Muito do nervosismo próprio dos tempos modernos resulta, evidente, da ausência de claros e definidos conceitos relativos ao significado da existência. Não é difícil verificar que para um bom número de pessoas, a existência é concebida como um acaso. Existe-se por um acidente da natureza, sem metas e sem objetivos. Essa ausência de propósitos no campo individual sugere, por sua vez, uma falta de sentido no contexto do cosmos. A vida humana carece de sentido porque o universo, igualmente, viaja em rumo cego para lugar algum. Compreende-se porque um dos desafios mais presente na história do pensamento humano sempre foi tentar decifrar a origem do mundo. Acompanha-se a excitação de astrólogos e astrônomos diante de novas descobertas, sempre achando estarem próximos em desvendar a origem desse imenso e misterioso cosmos. A mente humana vive saudavelmente obcecada em querer descobrir a origem de tudo, pois ao desvendar esse enigma chega-se à definição do sentido da vida humana. Afinal, o substrato que motiva tanta pesquisa é a definição clara do espaço que o ser humano ocupa neste vasto universo.
Na história do pensamento humano encontram-se duas teorias principais que polarizam o debate acerca da origem do universo e, consequentemente, do lugar que o homem ocupa neste fascinante conjunto. A mitologia explica a origem do mundo como resultado de um original e perpétuo embate entre forças do bem e forças do mal. Esta luta interminável entre essas espirituais energias explica, de um lado, os formidáveis avanços científicos. E por outro lado, os inexplicáveis e inesperados rompantes da natureza debochando da inteligência humana. Ao mesmo tempo em que avançam e dominam a natureza, a mente e energia humana sentem-se impotentes diante dos caprichos da própria natureza. As inexplicáveis e violentas manifestações da natureza parecem literalmente debochar da pretensa arrogância humana.
Outro vertente do pensamento humano, quer explicar racional e cientificamente a origem do cosmos. Diligentes teorias matemáticas e formidáveis experimentos e observações científicos levam astrofísicos a explicar a origem do universo a partir de uma grande explosão original entre partículas atómicas, gerando esta vasta e progressiva evolução do universo. Sem entrar no mérito científico dessa teoria, difusamente aceita pelo mundo acadêmico, vale ressaltar a sutil e subjacente premissa: nosso universo existe por acaso. O cosmos é consequência de um acidente atômico. Subsequentemente, a existência humana é, ela também, fortuita e acidental. Está-se vivo por acaso. Sem rumo, sem destino. Sem passado e sem futuro. Essa ausência de metas se reflete, naturalmente, na conduta das pessoas. Ao negar a existência de transcendentes propósitos, o obvio é aproveitar ao máximo o momento, usufruir-se do que está ao alcance da mão, sem se deixar embaraçar por limites éticos ou regras civilizatórias .
Como contraponto a essas teorias, apresenta-se a versão bíblica da origem do universo e consequentemente do destino do ser humano. Reforça-se a premissa básica: a Bíblia não pretende oferecer teoria científica. Seu propósito é outro. Ao apresentar Deus na condição de Criador, o Livro Sagrado estabelece que o universo, além de originar-se de um projeto pensado, caminha em direção a um futuro pleno. Igualmente, o ser humano, cada ser humano, não existe por acaso. Nasce de um projeto divino e caminha em direção a um futuro definido, encontrar-se e viver eternamente na companhia do Altíssimo! Convicto desse projeto, o ser humano canaliza todas as suas energias na consecução desta sublime finalidade. Em sua poética reflexão, o autor do livro dos Provérbios, descreve a criação como resultado de um tenro e fecundo intercâmbio entre a sabedoria e a energia divina. Afetuosa e intensa sintonia comparável a uma dança! Nesta dança criativa, rodopia-se, com leveza e alegria, mas também, com passos firmes e decididos, em direção ao futuro infinito!
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