domingo, 16 de abril de 2017

EM COMUNHÃO

EM COMUNHÃO Viver em paz é comum anelo! Entre as necessidades mais prementes para uma vida digna, destaca-se a urgência da segurança. As constantes e reais ameaças contra a integridade física e patrimonial levam os cidadãos a viver em permanente estado de sobressalto. Qualquer barulho diferente, como qualquer postura ou olhar considerados suspeitos já são motivo para a pessoa ficar na defensiva. Não raramente, com intenção de proteger-se o cidadão age agressivamente, piorando ainda mais a situação de paranóia. Consequência previsível deste estado de pânico é o florescimento da indústria de segurança. Nunca se investiu tanto em equipamentos e tecnologia de segurança como nos dias atuais. Ressalva-se, lamentavelmente, que mesmo com tanta tecnologia a serviço de segurança, o cidadão não consegue tranquilidade. Vive sob a constante sombra do medo, sinal claro que é preciso mais que tecnologia para o Homem viver realmente em paz! As narrativas da ressurreição de Jesus, conforme registradas nos evangelhos, apresentam um dado interessante, que reúne reais condições para assegurar o tão almejado sossego. Ao ler com atenção essas narrativas percebe-se que a fé no Ressuscitado e a certeza de presença viva estão intimamente atreladas ao convívio fraterno entre os discípulos. Na versão dos evangelhos sinóticos - Mateus, Marcos e Lucas - o anúncio da ressurreição do Senhor é acompanhado pela ordem de reunir os discípulos novamente na Galiléia. Ali, congregados, poderão encontrar-se com o Senhor! Na versão do evangelista João, o encontro de Jesus ressuscitado com os discípulos se dá no mesmo dia da ressurreição enquanto estão reunidos, com medo e a portas fechadas, na casa do cenáculo. Para reforçar esta verdade, João acrescenta o episódio de Tomé, que, na hora, se encontrava ausente. Os amigos contam posteriormente a aparição de Jesus, mas ele recusa crer. Exige provas. E a prova lhe é oferecida, oito dias depois, novamente quando o grupo está reunido e desta vez Tomé está junto. A mensagem é por demais clara: viver em comunidade é uma das consequências primeiras da fé na ressurreição do Senhor. Ademais, o Senhor se faz preferencialmente presente quando os seus estão reunidos. Idêntica lição é repassada pelo evangelista Lucas, no eloquente episódio dos discípulos de Emmaús. Dois discípulos decidem afastar-se de Jerusalém, presumivelmente para retomar seus originais trabalhos. A morte de Jesus, provocou, compreensivelmente, a dispersão do grupo. É comum, quando um líder falece, o grupo de seguidores se dispersar e se fragmentar. No caminho, Jesus, camuflado de peregrino, se aproxima dos dois e, caminhando com eles ao longo do dia, lhes explica as Escrituras. Ao chegar ao destino, aceita o convite para com eles sentar-se à mesa. Ao repartir o pão é reconhecido por ambos. Significativa catequese: Jesus é reconhecido vivo e presente numa fraterna refeição. A reação dos dois é inspiradora: voltam imediatamente para o grupo com intenção de partilhar a novidade! Entendem que o lugar deles é junto com o grupo dos discípulos! A vitória de Jesus sobre a morte, sua real presença junto aos seus após a ressurreição fez, certamente, o grupo primitivo compreender que o testemunho maior que devem ao mundo é seu convívio comunitário. O ser humano é naturalmente sociável. Este convívio, contudo, fica muitas vezes conturbado por causa das inevitáveis limitações humanas. Valores conflitantes e defeitos de personalidade tumultuam a convivência, tornando-a frequentemente difícil, discriminatória e, até, repulsiva! São necessários radicais ajustes de personalidade para que se possa viver bem em comunidade! Crer na ressurreição é nascer de novo! É a proposta e a aposta de Jesus ao insistir no único mandamento do amor fraterno, possível somente para quem se dispõe a esquecer-se de si e renunciar a suas preferências. Compreende-se o empenho dos evangelistas em exaltar o convívio fraterno da primitiva comunidade. Admira-se o grau de fraternidade daquele primeiro grupo de seguidores. Entende-se perfeitamente que a pregação mais eloquente que apresentavam, e que acabava atraindo números sempre maiores de admiradores e seguidores, era o exemplo de um autêntico convívio fraterno. Como se amam, costumava-se comentar. A vida em comum é a novidade maior trazida e confirmada pela ressurreição do Senhor Jesus! É o peculiar contributo dos cristãos para o mundo viver em paz e tranquilo! Viver em comunhão é viver sem sobressaltos. É viver seguro! A Páscoa é sempre nova! E renovadora! FELIZ PÁSCOA!

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