sábado, 8 de abril de 2017

EXCITADOS OUVIDOS

EXCITADOS OUVIDOS É Santa esta Semana! Será de verdade a medida que o fiel se compenetre do profundo sentido de cada gesto de Jesus, de cada frase sua, revividos e registrados quase que cronologicamente no desenrolar do Tríduo Pascal. Para os mais antigos, familiarizados com as cerimônias da Semana Santa, as celebrações podem parecer repetitivas. Equivocada, essa gente perde a motivação necessária e não vê muita vantagem em participar das funções religiosas. Faz bem ressaltar a corrente convicção entre os primeiros cristãos: a Páscoa é sempre nova! É possível que, por considerar os rituais desta semana como se fossem cenas de um filme já visto, decida-se aproveitar o feriado para passear. Outra ambiguidade a interferir com a mística do Tríduo Pascal, é interpretar os ritos como se fossem teatro, representações cujo objetivo principal seja comover a assembleia. Nesse ambiente, a fé fica refém da emoção! Aa celebrações da Semana Santa se apresentam como formidáveis oportunidades para a comunidade dos fiéis se aproximar ainda mais de Jesus Cristo. É preciso, pois, captar a motivação básica dessas celebrações. A liturgia não pretende apenas recordar os derradeiros momentos da vida de Jesus. Busca enxerga-los em sua dimensão de mistério da fé. Mistério, na linguagem bíblica e litúrgica, indica um acontecimento que ultrapassa a capacidade intelectual da mente humana. Demanda, para sua assimilação, uma aproximação reverente e contemplativa. Demanda, ainda, como premissas correlatas, dedicação e tempo. É dispor-se, reprisando a instrução profética, a excitar o ouvido e prestar a atenção de um discípulo! Essa reverente dinâmica induz a descobrir que quanto mais se aprofunda no mistério, mais se tem para conhecer. O que parece ser tão conhecido, na realidade, não é tão familiar assim. Ao contrário, o que já se conhece impele a querer assimilar ainda mais. Com a consciente prontidão de transformar verdades em atitudes. Este é o sentido de prestar a atenção de um discípulo. A liturgia, de fato, faz convergir duas vitais tendências, alimentar o desejo de ampliar entendimentos, acompanhado da explícita intenção de que produzam eco no cotidiano da vida. Alarga-se o conhecimento e aprimora-se a vivência! Desponta, como outra básica fundamentação para saborear a mística da Semana Santa, a convicção de que as cerimônias não se esgotam nos rituais. Impelem a ulteriores reflexões e meditações mais apuradas. São verdades, frases e gestos de Jesus que requerem tempo, silêncio e amor para serem assimiladas em toda sua profundidade. Neste esquema pedagógico e catequético, as celebrações do Tríduo Pascal confirmam os fiéis a caminhar com Jesus rumo à glória, passando pela experiência da cruz, a livre doação da própria vida em favor do semelhante. A semana vai se tornando santa a medida que esta mística se aprofunde. Sem ternura e despojamento fica impossível conhecer Jesus! O Tríduo é uma celebração em três períodos. Começa na Quinta-feira Santa, passa pela Sexta-feira da Paixão e encerra-se jubilosamente na imponente Vigília Pascal. O ponto alto é a Vigília Pascal! Considerada desde os tempos mais antigos a mãe de todas as vigílias! Pena que nesses últimos tempos o horário da celebração da vigília, em muitas comunidades, vem sendo antecipado, de modo que a cerimônia se encerre no próprio sábado, quebrando a sutil, mas significativa, pedagogia de anunciar o ressuscitado nas primeiras horas do primeiro dia de semana. A Ressurreição do Senhor inaugura o novo tempo do Reino, o dia sem ocaso! Recheada de rituais impactantes, alguns de beleza plástica singular, a vigília conduz o fiel a viver várias ‘páscoas’! A bênção do fogo lembra o universo que do caos passa para a harmonia, o Círio guia a comunidade passando das trevas para a luz, as leituras bíblicas evocam a trajetória da história da salvação, culminando na proclamação da vitória daquele que, ao passar pela morte, a vence definitivamente. A celebração do Batismo, e a renovação do mesmo, induzem os fiéis a viver sua própria páscoa, passando da morte do pecado para o renascimento na vida da graça. EU CREIO, proclama solenemente cada fiel, externando sua total e incondicional adesão a Jesus Cristo, a voz primeira a que se deve abrir o ouvido e seguir como discípulo! Passa-se, então, para a celebração Eucarística. Afinal, todo grande acontecimento merece ser festejado em correspondente banquete! Aleluia! A vida e o amor vencem!

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