
Poder absoluto enfeitiça a cobiça humana. A arrogância de querer ser o único árbitro do destino de pessoas gera tiranos e está, inconfundivelmente, na raiz da maioria das maldades. Seguindo a leitura que a Bíblia faz da história humana, a ambição de querer se igualar a Deus está na origem da perversão da raça humana. Por causa da arrogância o Homem perdeu o paraíso e perdeu também a inocência. Desde tempos imemoráveis a história parece confirmar a leitura bíblica, pois registra as constantes tentativas de figurões que, ao almejar o poder absoluto, destruíram vidas e culturas. Na luta pela preservação da sociedade, a inteligência humana desenvolveu um sistema de governo com condições teóricas de controlar a desmedida ambição de prepotentes. Ao estruturar o sistema democrático de governo, articulou a implantação de poderes independentes orientadas para um controle mútuo na tentativa de coibir desvios autoritários. O segredo, e o desafio, da democracia encontram-se justamente na preservação da autonomia de cada instância institucional.
Ingente é este desafio, pois sabe-se que o ser humano, sempre vulnerável à tentações arbitrárias, é capaz de manipular e corromper instâncias para servirem a seus propósitos. A história universal esta recheada dessas tentativas. A traficância, infelizmente, é sempre possível. Legisladores corrompidos ou manipulados modificam leis para justificar os caprichos dos tiranos. Laços de amizade são aproveitados para interferir no exercício de instâncias diferentes ou causar constrangimento à independentes atuações. Saber manter o respeito pela e preservar a autonomia das diversas instâncias democráticas é um sinal maior de um legitimo estadista. Este cidadão pode até perder o posto, mas jamais perde a honra!
Estadistas não se produzem. Nascem! E vão se polindo e podando a medida que abracem e sigam valores inegociáveis. Assumindo como valor primeiro e insubstituível, o bem comum. Ou para repetir a expressão da moda, valores republicanos. O exemplo que as mais recentes lideranças estão dando nada tem a ver com decência e abnegação em favor do bem comum. Pelo contrário, por conta de um apego obstinado ao poder manipulam-se regimentos, fazem-se nomeações oportunistas, elaboram-se jurisprudências desconcertantes. A lastimável disputa de apegos e o triste desfile de vaidades não somente envergonham, mas, o que é pior, atolam mais o país.
Legítimas lideranças não negociam mandatos. Agem geralmente com abnegação. Não se deixam contaminar por vaidades. Mandela amargou 26 anos de cadeia, mas recusava fazer arranjos. Gandi se impunha longas jornadas de jejum, mas não negociava princípios. Até porque nada tinham a esconder. Nem deviam favores. Que triste desfile de indigência de caráter exibem nossas mais recentes lideranças. Que exemplo distante da conduta da maioria da população que tem prazer em chegar no horário ao trabalho, que se esforça a pagar suas contas. Que se empenha em educar os filhos na honestidade e se desdobra na vigilância para que tenham corretas condutas! São justamente esses preciosos valores que não se pode perder, que não se pode deixar contaminar pelo sórdido exemplo do povo que frequenta ‘o andar de cima’. É preciso vacinar-se contra esses maus exemplos. A sociedade não pode resignar-se nem perder a esperança.
Pais e educadores não podem sentir-se desmoralizados pelos péssimos exemplos que vem de certa gente pública. Muito menos sentirem-se ingênuos ou ultrapassados por ensinarem a importância da integridade, o valor da decência, a nobreza da honestidade. Essa batalha o Brasil não pode perder! Essa batalha o Brasil não vai perder!
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