
Deus é, essencialmente, comunicador. E vem se comunicando com a humanidade de maneiras sucessivas e cada vez mais explícitas. A primeira ferramenta de comunicação a que Deus recorreu foi a natureza. As leis e a ordem da natureza representam o primitivo manual de conduta que o ser humano deve seguir. Observando com atenção descobre-se como a natureza está em constante renascimento e revigoramento. Não existe, na natureza, a morte total e completa. Os elementos se transformam, a vida sempre renasce, vence e vinga. Uma clara advertência contra qualquer forma de destruição gratuita, gananciosa. Ou mesmo fatalista. Deus criou tudo para a vida, a morte é apenas uma passagem!
Com o passar do tempo, porém, a visão e a inteligência do ser humano foram ficando embaçadas pelo egoísmo e pela soberba. A ganância e a ambição turvam o olhar do Homem e ele não consegue mais ler com clareza e fidelidade as orientações e indicações que a natureza propõe. O Criador, então, aproveita-se da evolução da escrita para propor novamente as suas instruções. Ele nunca quis que o Homem se distanciasse do caminho da vida e da felicidade autêntica. Recorrendo à escrita, Deus pretende tornar mais claras e mais acessíveis as suas instruções. Escolhe profetas e inspira-lhes palavras e ações para que fossem escritas em seu nome. O ser humano, porém, presunçoso e rebelde, consegue deturpar até o que está escrito. Promovendo-se à interprete do pensamento de Deus, o Homem se arroga a retocar os mandamentos divinos. O resultado só pode dar em desastre, pois, ao invés de explicar, a inteligência humana, condicionada por ideologias e privilégios, complica ainda mais a vida e dificulta o entendimento. Atrevido, pretende o Homem falar mais e melhor que Deus, e, ao invés de promover e fortalecer a libertação, introduz novos jugos e pesados fardos. Deus decide, então, comunicar-se com a humanidade de uma maneira sublime e singular. Quando chega o tempo apropriado, Ele envia seu Filho único, Jesus Cristo, a Palavra eterna. Jesus assume em tudo a condição humana para ser a Palavra viva a anunciar o incondicional amor de Deus pela humanidade. O Verbo se fez carne e habitou entre gente! Jesus é a expressão mais sensível e mais afável do extraordinário cuidado que Deus tem para com a humanidade. Basta acompanhar a vida do nazareno, contemplar seus gestos e ouvir suas instruções, para entender que Ele é a verdade que Deus sempre quis que o Homem soubesse. Jesus não é letra, é Palavra incarnada que assumiu o jeito humano de ser com o único objetivo de convencer a todo homem que é amado por Deus, com um inesgotável, terno, e fiel amor! Deus amou tanto o Homem que lhe enviou seu Filho único!
Jesus é a revelação plena de Deus: quem me vê, vê o Pai, insiste Ele. Os textos sagrados, isolados, não representam a plenitude da revelação. Esta plenitude dá-se somente em Jesus. É a partir dele, portanto, da sua vida, de seus gestos, de suas instruções que devem ser lidos e interpretados. Em várias ocasiões, Cristo reprovou uma leitura fundamentalista da Lei e dos profetas. Fez releituras de alguns trechos com a clara intenção de resgatar-lhes seu genuino sentido: não é o Homem para o Sábado, mas o Sábado para o Homem. Repetiu, várias vezes o bordão: ouviram o que foi dito,...eu, porém, lhes digo... Somente a partir da luz que é Jesus Cristo é que se aprende a entender corretamente a mensagem que Deus comunica. Na sua luz é que se vê a luz! O apóstolo Paulo faz eco e alerta: a letra mata, o Espírito é que dá vida!
A Bíblia integra a logística divina de revelar-se ao Homem. Em sintonia com a natureza – o primeiro livro divino – em comunhão profunda com Jesus – o autêntico interprete – o leitor da Bíblia estabelece respeitoso, iluminador e redentor diálogo com Deus. Uma conversação que necessariamente conduz a um ardoroso amor pela vida e a uma igualmente generosa e incondicional caridade para com o próximo!
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