
Surpreende a timidez da nossa juventude! E, dependendo da ótica, frustra. Tão ativo e adestrado em aparelhagens eletrônicas, tão solto e exuberante em baladas, um bom número de jovens, paradoxalmente, se encolhe quando chamado a apresentar-se em público. Alega vergonha, falta de jeito! Confirmam esta observação, profissionais que lidam regularmente com jovens. Comentam os professores, por exemplo, o explícito pavor do jovem quando chamado a expor-se em público. Justo levar em conta a natural insegurança inerente ao período de puberdade. Neste estágio de transição, o jovem experimenta profundas e radicais mudanças no físico, emocional e psicológico que o deixam assustado e incerto acerca da sua própria identidade. Logicamente, essas tensões acabam se impondo no comportamento exterior, gerando dúvidas e inseguranças. Outro motivo sério a alimentar esta vergonha em expor-se em público advém do risco de cair no ridículo perante os colegas, caso cometesse algum erro. Claro, este terror psicológico não é gratuito. Conhece o jovem, por experiência de convívio, o clima pesado de gozação e de cruel zoeira que costumam rolar em rodas juvenis. A turma não perdoa quem erra. Imperceptivelmente, os próprios jovens criam para si situações de embaraço que minam sensivelmente sua autoestima. Ao mesmo tempo em que precisa sentir-se inserido na turma, esse mesmo grupo representa séria ameaça contra a autoestima. Esse clima de bullying psicológico está apequenando a juventude. A necessidade imperiosa de sentir-se aceito pela turma engessa o jovem e, não raramente, o reprime. Nesse contexto, o jovem experimenta angustiante tensão; de um lado quer participar, quer marcar presença e opinar, mas, por outro lado, receia expor-se para, como dizem na gíria, não pagar mico. Refugia-se, então, no anonimato. Seleciona os poucos amigos. Emerge tendência preocupante: a crescente incidência de jovens retraídos e tímidos. Solitários e introvertidos, agarram-se à parafernália eletrônica que, ao contrário que aparenta, não consegue preencher o vazio interior. Despontam candidatos à depressão. Diante dos previsíveis desdobramentos sinistros que este triste diagnóstico sugere, urge despertar e reagir com o devido discernimento. Urge preservar no jovem a fé no futuro.
Chama atenção, em primeiro lugar, a excessiva carga de compromissos a que os adolescentes e jovens são, atualmente, induzidos a suportar. Não bastasse a carga escolar, compreensivelmente exigente e prioritária, o jovem é incitado a envolver-se em um sem número de atividades paralelas. Essa carga limita drasticamente o seu tempo livre. Desponta a primeira urgência: resguardar tempo para que o jovem possa encontrar-se consigo mesmo. Apesar dos ruídos com que polui seu tempo, o jovem, intimamente, sente necessidade de oásis de silêncio, onde possa dialogar consigo próprio. Intimamente ligada a essa experiência, emerge outra necessidade imperiosa: encontrar pessoas maduras em quem possa confiar suas angústias e tirar suas dúvidas. Esses orientadores não se impõem, o jovem as individualiza a partir do seu convívio. São lideranças avalizadas em demorados escrutínios na exigente e crítica cabeça juvenil. Desperdiça-se dinheiro e tempo tentando impor sobre o jovem orientadores estranhos ao seu convívio. Confiança não se impõe. Confiança se adquire com tempo, com paciência, com persistente observação! Confiança é resultado de saudável emulação!
Isolado, o jovem envelhece precocemente! Além da escola, é de se considerar como igualmente prioritário, para um amadurecimento integral e consistente, a inserção do jovem em outros ambientes, inclusive religiosos, onde possa conviver com pares que, como ele, buscam dar vazão ao íntimo anelo pela vida. Ambiente onde, afinal, possa expressar-se com liberdade, espontaneidade e confiança. Livre do terrível fantasma da gozação e da tirania da rejeição. Mico se paga caso se permita que o jovem desista de sonhar, de sorrir, de crer no futuro!
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