
ANTENA
Deletérias são as notícias manipuladas. A facilidade no uso e a difusão das redes sociais, amparadas pela rapidez proporcionada pela tecnologia moderna, ajudam sobremaneira a espalhar informações. Quando as notícias divulgadas são verídicas e objetivas, a comunicação é valiosa ferramenta. Quando, todavia, as informações são distorcidas ou intencionalmente manipuladas, com o objetivo de prejudicar pessoas, estragar carreiras e semear mentiras, a tecnologia passa a ser letal veneno. Há muito de desonestidade e de irresponsabilidade na divulgação dessas notícias manipuladas. Curioso, o fenômeno pode se dar também no campo religioso, com igualmente danosas consequências. Notícias infundadas sobre pessoas – geralmente clérigos – ou mesmo informações tendenciosas ou editadas acerca de acontecimentos e pronunciamentos provocam confusões e geram perplexidades. Informações manipuladas causam divisões e desencontros, situações que afetam negativamente o ministério evangelizador. Outra vertente no campo da ambígua evangelização, é a difusa prática, via mídia, de correntes de oração, de propostas de novenas poderosas, de áudios e vídeos registrando espetaculares curas, de campanhas para dízimos e ofertas. Dá-se à práticas piedosas secundárias, ou até mesmo a flagrantes interesses comerciais, o verniz religioso. Abusa-se da mídia para apresentar uma religião caricata.
Na formação jornalística, a orientação básica é de sempre checar a origem da informação e a idoneidade da fonte. Antes de divulgar fatos e fotos, recomenda-se verificar a objetividade da informação e a confiabilidade das fontes. Fatos e pronunciamentos podem ser manipulados ou editados, fotos são facilmente retocados, mudando por completo contextos e perspectivas. O mesmo cuidado se deve utilizar quanto à informações religiosas. Neste campo, a vigilância precisa ser maior. Pois se de um lado, todo cristão deve ser evangelizador, - recorrendo hoje ao vasto arsenal que a informática e as redes sociais proporcionam - do outro, é preciso verificar até que ponto se está credenciado para evangelizar. Em tese, todo batizado é profeta. Na realidade, todavia, nem todo batizado se empenha em aperfeiçoar e completar sua formação religiosa. A grande maioria se ‘formou’ no catecismo da primeira comunhão! De onde resulta a grande confusão de conceitos. Presunçosos, muitos se acham habilitados a emitir opiniões sobre questões dogmáticas ou morais, a comentar esta ou aquela orientação do Papa. A liberdade de expressão é bonita e louvável, mas exige respeito e discernimento. Caso contrário, despenca para a vulgaridade!
Persiste veemente o apelo de Jesus para anunciar por cima dos telhados o que se aprende entre paredes. A boa notícia do evangelho precisa chegar aos confins da terra. A tecnologia oferece, hoje, novos e preciosos canais de divulgação. Urge saber explorar esses meios para o bem. Demanda-se prioritariamente uma fundamentação teológica sólida, adestrada à linguagem adequada a cada veículo de comunicação. Demanda-se, acima de tudo, a coragem para expor-se! Em nossas comunidades há gente habilitada que receia expor-se. Tem medo do risco! Tem medo da cobrança! Pois quando se apresenta em público o sujeito passa a ser visado, vira vitrine, para usar a linguagem jornalística! O Mestre Jesus permanece a distinta inspiração para todo evangelizador, inclusive porque sofreu na pele calúnias e viu seus ensinamentos maldosamente distorcidos. Insistentemente recomendou a seus seguidores para que não tivessem medo nem vergonha de anunciar pelos telhados. Evangelizar não para aparecer, mas para servir!
O mundo anda sedento da verdade do evangelho. Um dos mais ilustres padres da Igreja, o papa Gregório Magno, nos idos do século V, percebeu o desafio e legou aos pósteros provocadora constatação: embora haja quem escute as boas palavras, falta quem as diga. O atual é privilegiado momento para o exercício da vocação profética. Na condição de antena receptora, o profeta cristão capta as boas palavras para simultaneamente se transformar em antena transmissora, a difundir sobre telhados a autêntica e salvadora mensagem evangélica!
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