sábado, 14 de outubro de 2017

RESSOCIALIZAÇÃO

RESSOCIALIZAÇÃO É difícil lidar com ofensas! O instintivo impulso induz a retaliar ao ataque com igual ou até maior violência. Ao responder ‘a altura’, ao aderir à bravata de não levar desaforo para casa, alimenta-se ainda mais a violência, formando uma nefasta cadeia de agressões. A sabedoria popular elaborou uma jurisprudência na tentativa de controlar iras e moderar vinganças. A universalmente aceita lei do talião – olho por olho, dente por dente – impõe uma equitativa resposta à ofensa recebida. Se a agressão afetou o olho, a punição deve atingir somente o olho do infrator! A pena não deve ultrapassar a gravidade da ofensa. Embora sábia e universalmente aceita, essa norma não consegue coibir agressões, como bem demonstra o cotidiano da vida, pelo simples fato de que se faz dela uma ambígua leitura que justifica retaliação. O instintivo impulso de vingança ainda prevalece. Frear a cadeia de violência atende a um íntimo anelo da alma humana. O ser humano sonha com o fim da violência e investe pesado em iniciativas de defesa, concentradas em repressão e punição. Tais estratégias, todavia, não conseguem sequer retardar a progressiva onda de violência. Recente levantamento dá conta que a maioria dos adolescentes delinquentes, recolhidos em instituições de ressocialização, retorna ao mundo do crime quando solta. Salta instintivamente a necessidade de encontrar alternativas estratégias de lidar com agressores. Ao entender que a punição, pura e simples, permanece ineficaz, embora de rápida e consensual execução, ressurge a proposta que foca prioritariamente a reeducação do agressor. Ao invés de punir, regenerar o transgressor! Ao invés de estigmatizar, reinserir o delinquente na sociedade. Essa desafiadora e exigente estratégia busca tirar o delinquente do nefasto e contagioso círculo do crime. Tarefa exigente, que demanda paciência e persistência. Demanda, acima de tudo, enxergar o rosto do agressor. Em outras palavras, levar em conta a sua história. É infrator, mas permanece gente! Ora, nenhum sujeito é somente maldade! Acontece que se explora tanto a ofensa, a ponto de ignorar por completo outros bons predicados do infrator. Na condição de monstro é descartado e tratado como irrecuperável! Muitas das punições aplicadas ficam sem efeito regenerador porque focam precipuamente a transgressão e não o transgressor. Condenações e penas são necessárias, mas sem esquecer a possibilidade de reeducação. Há situações que demandam providências enérgicas, duras e rigorosas. Mas sem perder de vista o principal valor, a recuperação do transgressor. Ao negar sumariamente espaço para reinserção, a sociedade empurra o delinquente para as gangues do crime organizado. Neste processo reeducativo, a Igreja de Jesus Cristo tem um contributo especial a oferecer à sociedade. No seu interior também acontecem conflitos e ofensas. Existem mágoas e ressentimentos. A orientação de Jesus para essas situações é clara e explícita: deve-se sempre buscar a redenção do agressor, sendo a parte ofendida a principal agente. Quem se sente agredido deve tomar a iniciativa de aproximar-se do agressor. Falhas não privam o agressor da condição de irmão! É neste patamar que conflitos internos devem ser resolvidos! Entende-se a razão porque a exigência maior recai sobre a parte ofendida! Entende-se, igualmente, porque a comunidade dos discípulos de Jesus deve servir de exemplo para a sociedade. Na Igreja não se admitem exclusões nem ressentimentos! Crises de convívio devem ser sanadas por intermédio do diálogo, motivado por sincera caridade. Nesta terapia de ressocialização, a Igreja é instigada por seu divino fundador a ser exemplo e modelo. Agressões e conflitos integram o convívio humano. É sempre difícil lidar com agressores. A maturidade de uma pessoa, como também de uma sociedade, se mede pela capacidade e habilidade de lidar com provocações. Moderando impulsos retaliatórios, impõe-se investir num genuíno processo de reaproximação e de redenção!

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