sábado, 3 de março de 2018

RESOLVIDOS

RESOLVIDOS Provas testam a fé. Em qualquer departamento da vida, crises são oportunidades para firmar convicções! Em seu significado original, o termo crise remete a uma situação de confronto que impõe tomada de posição. Situação de crise, então, não necessariamente indica contexto negativo. Pode, sim, ser propícia oportunidade para o crescimento. Convicções se fortalecem quando passam por situações de crise. Opções se firmam e dilui-se o medo de rupturas. Decisões envolvem rupturas. Afasta-se de uma situação para abraçar uma nova realidade. O maior inimigo da fé é o sentimento de medo que se pressente diante de rupturas previsíveis. Esta tensão dinâmica da fé aplica-se, igualmente, para a fé religiosa. A fé religiosa envolve uma opção que, necessariamente, provoca rupturas na vida. Ao resolver avançar numa direção, renuncia-se seguir por outras. Emerge a diferença entre uma fé viva e uma fé amorfa. Quando indefinida, a fé acena para uma religiosidade inoperante, estagnada. É a fé condicionada pelo medo, que resiste mudar porque não se dispõe assumir desafios. Na comparação de Jesus, uma fé neutra assemelha-se a uma luminária encoberta, realidade sem sentido, finalidade desviada. Por outro lado, uma fé viva inspira dinamismo, transformações benéficas tanto para agentes como para ambientes. É fermento na massa. É o sal temperando alimentos. A fé religiosa, também se alimenta de situações de confronto. Sem crises, permanece não resolvida. Todos os grandes exemplos de fé religiosa passaram por duras situações que exigiam deles um posicionamento, envolto em grandes tensões interiores. A Bíblia esta recheada de personalidades que vivem dramas intensos, vacilando entre seguir a lógica racional ou submeter-se à inspiração divina, por mais surreal que apareça. Chega-se a um momento crítico de decisão que demanda definir rumos, abandonar o chão batido da segurança humana e enfrentar o desconhecido, confiante apenas em promessas divinas. Repara-se a tensão de ruptura. Debate-se interiormente entre o medo de abandonar um caminho conhecido e a sensatez ao enveredar pelo desconhecido. Ora, só experimenta o novo quem reúne coragem para romper com o passado. O desafio é embarcar neste novo que se vislumbra. O desafio é assumir os riscos. É o maior obstáculo a ser superado. A razão humana demanda provas, quer segurança para agir. Avança somente na certeza. O que se apresenta na proposta da fé, no entanto, é apenas promessa. Salta o drama do conflito entre a razão e a confiança. A escolha é entre a segurança que repousa na lógica humana e a confiança que se tem no autor da promessa. Passa-se pela prova quando se resolve assumir o risco de confiar. Como referência e inspiração, a Bíblia destaca, entre outras tantas, as figuras emblemáticas de Abraão e Maria, ambos confrontados com angustiantes situações. Hesitam e questionam antes de decidir! Intuem que a fé em Deus nunca pode ser ingênua. Ao decidir confiar no autor da promessa, abafam os interiores vacilos, e acabam recompensados pelas maravilhas divinas. Abraão vê confirmada a promessa de uma descendência numerosa. Maria aninha o amor de Deus incarnado. Inevitáveis são os confrontos e as tensões quando se leva a vida a sério. Curiosamente, as crises refletem e confirmam o amadurecimento das opções. Vive-se sem tensão quem vive sem ideal! A cada crise superada se percebe, todavia, como a janela da alma se expande. Amplia-se o entendimento. Enraíza-se a convicção. Caminha-se com mais firmeza e confiança! Crises são sinais de vitalidade, propícias ocasiões para resolver tensões, inclusive, religiosos.

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