
Viagens exigem planejamento. Demandam definição de destinos e combinação de roteiros. Exigem, também, clareza de objetivos. Pois pode acontecer, na ausência de um roteiro bem programado, que uma viagem termine em frustrações. Ao determinar como valor absoluto, chegar rápida e apressadamente ao destino, priva-se, durante o itinerário, do encanto de admirar singelas paisagens. Por outro lado, ao se multiplicar em demasia paradas e descansos, pode-se chegar atrasado aos compromissos. Ou até mesmo, desviar-se por completo do roteiro traçado. Em ambas as situações, a viagem se torna frustrante. É preciso que haja clareza de objetivos para um passeio se tornar verdadeiramente feliz, prazeroso e proveitoso.
Na jornada da vida – a mais importante das viagens – faz-se igualmente necessário definir prioridades. São muitas as atrações que ameaçam distrair a atenção do viajante na jornada pela vida. Se não houver clareza de objetivos, a probabilidade de se perder no meio do caminho torna-se real e grave. Qualquer desatenção ou concessão indevida à frivolidade induz a seguir por atalhos que, mesmo oferecendo passageiras satisfações, acabam por retardar a chegada ao destino. Ou mesmo, desviar definitivamente da rota estabelecida. Vale recordar a mitológica história de Odisseu que ao passar pela ilha das sereias que encantavam marinheiros com seu canto e levavam embarcações inteiras ao naufrágio, mandou que sua tripulação tapasse os ouvidos com cera e que ele próprio fosse amarrado ao mastro principal sob a ordem estreita de não ser soltou em nenhuma circunstância. Dessa forma conseguiu conduzir sua embarcação até o destino. Muitas são as sereias sedutoras na viagem pela vida. Se não se precaver com diligência, tapando ouvidos e amarrando-se firmemente a princípios, facilmente verá naufragar seus mais preciosos projetos. Muitos, de fato, naufragam em seus bons propósitos originais porque, imprevidentes, confiam demais em suas próprias forças ou, presunçosos, minimizam o perigo latente em encantos passageiros e deixam de se precaver com a devida diligência.
Por outro lado, excessiva disciplina torna um passeio insuportável. A prudente flexibilidade contribui substancialmente para tornar um itinerário penoso num passeio mais prazeroso, menos desgastante. Há diversões no caminho que, com o devido discernimento e uma prudente transigência, podem ser usufruídos sem que em nada atrapalhem o objetivo principal da viagem. Ao contrário, tornam o itinerário mais leve e mais descontraído. Excessiva rigidez e inflexível disciplina podem, sim, atrapalhar e impedir a consecução das metas desejadas. Obrigações em demasia, sem espaço para respirar e relaxar, desgastam e esgotam. O elevado grau de irritabilidade que marca o temperamento da grande maioria dos cidadãos deve-se, sem dúvida, a um excesso de obrigações que sufocam e a multiplicidade de discutíveis cobranças que estressam. É preciso ter metas claras, óbvio. Mas é, igualmente, imprescindível entender, que hiatos repousantes, mantêm elevado o ânimo e disposto o espírito para seguir em frente na busca dos objetivos desejados!
Urge saber diferenciar, em qualquer estágio da jornada da vida, entre o principal e o secundário, entre o necessário e o provisório. Na falta desse equilíbrio surgem pânico mental e desarranjos regimentais, com considerável, e previsível, desperdício tanto de tempo como de energia. A ausência de uma segura orientação, provoca situações de desmedida irritação ou, por outro lado, sensações de deprimente fracasso. Sempre com traumáticas consequências psicológicas e fisiológicas. Urge aplicar-se na definição do justo equilíbrio entre o que é prioritário e o que é provisório. Entre o que é inegociável e o que é descartável. Enorme passará a ser a probabilidade de seguir pela jornada da vida feliz, leve e realizado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário