
Quando mais se espera, menos acontece. O antigo ditado se encaixa perfeitamente peregrinando pela Terra Santa! Entre os centenas de visitantes que diariamente andam pelos sítios frequentados por Jesus e outros profetas bíblicos, um bom número está a fim de viver uma experiência mística. E, de fato, pisa-se em lugares que são um natural convite à oração e contemplação. O monte das bem-aventuranças é um desses lugares privilegiados. Chegando cedo à colina que margeia o mar da Galileia, é certo que o peregrino encontre espaço privilegiado, emoldurado por uma exuberante vegetação zelosamente cuidada, para rememorar o dia quando o Senhor Jesus expôs às multidões o seu programa de vida. Contemplando as serenas águas do lago, acompanhado pelo suave canto dos pássaros, é possível deter-se nas várias propostas do Mestre e, em clima de fecundo silêncio, meditar e comprometer-se com a proposta da nova vida. O ambiente propicia condições ideais para entender a razão porque o Mestre insiste em olhar as flores do campo e observar os pássaros do céu e assim compreender que, se Deus cuida tanto dessas frágeis criaturas, mais Ele zelaria pelas mulheres e homens que tanto ama!
Em compensação, a visita à Belém e ao Santo Sepulcro, de sobra os dois sítios mais ansiosamente procurados pelo peregrino, é decepcionante. O clima reinante é totalmente adverso à oração. A começar pela falta de um mínimo de organização, que facilitaria sobremaneira o fluxo das centenas de visitantes. É um empurra-empurra incompatível com o ambiente, perigoso inclusive. Alguns peregrinos só pensam em passar pelos outros para chegar primeiro, como se os espaços sagrados fossem sumir. O tumulto generalizado, tornado mais complicado pelo natural afunilamento do caminho que conduz aos locais tradicionalmente definidos como santos, anula completamente qualquer disposição para uma contemplação orante. Quando, então, se topa com clérigos ortodoxos ou armenos ‘exaltados’, a profanação se completa. Alguns entre estes se portam como se donos fossem dos espaços. Além de imprópria, a total falta de respeito descaracteriza por completo os sagrados lugares. Lamentável profanação. Categoricamente reprovável. Naqueles confinados ambientes entre empurrões, conversas e falas grosseiras, o impulso é querer sair logo daqueles espaços para poder respirar e recompor-se. Ir a esses lugares especiais é preciso, mas saiba o peregrino prevenir-se para não perder o declarado objetivo de sua peregrinação.
Presume-se que ao visitar a Terra Santa, não se queira apenas fazer turismo. Claro, lugares há encantadores, entre os sítios bíblicos, inclusive, merecedores de visitação. Mas o que dá a essa viagem uma dimensão particularmente transformadora, é poder entrar em geográfico e espiritual contato com o Senhor Jesus. Ouvir interiormente suas instruções, contemplar misticamente seus gestos e perceber-se interpelado pela marcante e amiga presença do Mestre de Nazaré e da sua redentora passagem pela terra prometida. Sabendo aproveitar, e superando os lamentáveis despropósitos, o peregrino encontra totais condições para ampliar conhecimentos, abastecer a fé e viver uma renovadora e mística catequese!
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