
O sucesso dita o compasso! Na atual cultura imediatista, êxito e popularidade insinuam idoneidade de propostas e eficiência de metodologias. Nesta linha de raciocínio, um comentário tendencioso ou uma meia-verdade que recebe pronta aceitação se transformam em poderosas armas de divulgação e persuasão. O atual sistema de vida abomina esperas. Impaciente, a atual cultura impõe rápidos resultados. A idoneidade de qualquer proposta é medida pelo sucesso nas estatísticas. Essa difusa mentalidade imediatista invade, igualmente, a atividade religiosa. A eficácia de uma iniciativa evangelizadora é medida pela numerosa aclamação. Aplausos atraem adeptos. Pelo mesmo raciocínio, a queda na frequência em uma determinada confissão religiosa ou ritual é interpretada como indicativo de liturgias ou ensinamentos ultrapassados. É pela popularidade que se julgam idoneidades. Essa ambígua medição gera natural tensão, que pode, presumivelmente, induzir a outra, igualmente ambígua, mudança de padrões. Para não perder audiência, substitui-se conteúdo pelo modismo. Sacrifica-se a qualidade pela popularidade. Deste confronto emergem pressão e apreensão!
A natureza ensina que todo crescimento sustentável obedece a alguns fatores básicos. O primeiro requisito é a inerente potencialidade de uma célula. Ou doutrina. Uma semente saudável reúne em si a totalidade de propriedades constitutivas da sua espécie. A evolução nada mais é que o progresso natural daquilo que já existe embrionariamente. Basta garantir condições adequadas e a evolução acontece naturalmente. Aparece o segundo prerrequisito básico para um sustentável progresso: o tempo adequado. A natureza respeita estágios. Cada espécie – cada doutrina - possui e obedece a seu próprio ritmo de crescimento. O entendido profissional respeita e reverencia esses ciclos. Profissional competente é agente paciente. Convicto da inerente qualidade da célula, respeita seus ciclos da evolução. Com serenidade profissional, acompanha o tempo de amadurecimento, confiante no êxito final da operação. No tempo devido, a minúscula célula se desenvolve e alcança sua natural maturidade. Com a subsequente fecundidade. Interferir voluntária e agressivamente neste processo, com o objetivo de apressar ou aumentar a produção resulta, inevitavelmente, em queda de qualidade. Experiente profissional não queima estágios. O que se percebe, hoje, em vários setores de convívio social, inclusive no religioso, é a queima de etapas. A obsessão por resultados induz a simplificações. Abundam maquiagens e fraudes. A vida, em geral, está perdendo qualidade. Na religião, o mote é dar espetáculo, explorar emoções! Festeja-se o aumento das adesões, sem, contudo, oferecer garantias de sustentada fidelidade.
O atento evangelizador aprende com a natureza. Perspicaz e zeloso, entende que sua prioritária tarefa é semear. Seu principal foco está em garantir a autenticidade da mensagem – a célula original. Ela carrega em si divina vitalidade. Quando encontra terrenos adequados, cresce e amadurece, seguindo seu próprio ritmo. Sábio orientador, Jesus motiva seus seguidores a serem zelosos e confiantes semeadores, despreocupados com resultados imediatos. O alcance libertador desta orientação é evidente. Liberto da tirania dos resultados, o evangelizador dedica-se a conhecer e a divulgar a mensagem em sua original versão, sem glosas e sem nuanças ideológicas. No tempo certo, no tempo de Deus, a verdade do Evangelho desponta, iluminando mentes, fecundando vidas! O que importa é semear com dedicação, com persistência. Com fé, em suma!
Qualidade não combina com pressa! Legitimidade não depende da popular aclamação. O é intrinsecamente bom cresce e floresce, no tempo de Deus!
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