
Tenso é o atual momento nacional! A apreensão quanto ao futuro destino do país anda tão evidente que até a realização da Copa do Mundo pouco empolga. O pessimismo é generalizado, aflige empresários, angústia cidadãos da classe média e apavora mais e compreensivelmente, as classes com menor poder aquisitivo. Vários são os fatores que convergem para que a situação gere realmente desconfiança: o alto índice de desemprego, a oscilação econômica e, principalmente, a atuação nada patriótica e claramente carreirista de um bom número de políticos e governantes. As perspectivas, nesta confusa conjuntura não podem, obviamente, ser animadoras. O ceticismo e a descrença vão, então, ganhando corpo. Neste quadro de desalento, emerge o conflito de ideologias. Aprecem lideranças que defendem políticas e administrações regidas tanto por doutrinas de extrema direita como por outras de esquerda radical. É notório, em tempos de crise, surgirem ‘salvadores da pátria’ que, utilizando-se de inflamada retórica e aproveitando-se do difuso clima de desalento, exploram o emocional das pessoas, com tamanho oportunismo a ponto de dispensar a apresentação de programas objetivamente racionais e consistentes. Empolgam pela emoção e não pela razão! Enredo este que se repete na história das civilizações. Levantam-se bandeiras de um patriotismo nacionalista que ao invés de unir, divide a nação. Arbitrariamente classificam-se cidadãos em patriotas ou traidores, ignorando a mais básica lei para um progresso sustentável: a união de forças e energias. Nenhuma organização, familiar, empresarial ou política, avança enquanto estiver dividida. É justamente esta real possiblidade de a maioria migrar para uma proposta radical – seja de teor direitista ou esquerdista, tanto faz – que deixa o cidadão comum ainda mais apreensivo.
Sabido é que nenhuma reforma decente acontece de cima para baixo. Boas intenções e boas propostas não são suficientes para colocar no rumo a nação. Mudanças relevantes sempre acontecem de baixo para cima. Elementar lembrar que governos são eleitos. E a eleição reflete e expressa a vontade da maioria. Salta, neste contexto, a atuação do cidadão cristão. Em tese, o Brasil é uma nação com um claro substrato cristão. Emerge um primário pressuposto: o cristão realmente doutrinado pelo Evangelho não se omite do processo político. O bom cristão é um comprometido cidadão! Inspirado no Evangelho, o cristão busca infiltrar-se na política, reconhecendo-se apto a promover a justiça social. Quanto mais eficaz a presença cristã nesta área, tanto maior é a possibilidade de dar direção à política, saneando-a de suas nefastas mazelas. Que não se confunda esta atuação com o descabido projeto de implantar teocracias. Tampouco deve-se imaginar impor credos religiosos ou estabelecer unilateralmente códigos de posturas morais. Almeja-se apenas moralizar as administrações. Sufragar gente íntegra para que se administre com honestidade, governe-se com transparência e legisle-se com refinado senso de cidadania. Afinal, a fé no Evangelho inspira real comprometimento com a objetiva dignidade do ser humano.
É verdade que o contexto é desalentador. O cristão convicto, todavia, acredita firmemente que o mal não sobressairá. Ora, a fé se manifesta em atitudes! Amparado nesta convicção, o cristão envolve-se, com os meios disponíveis, a participar de um projeto político saneador. Em se desejando mudanças consistentes, é preciso que se comece a pensar já e seriamente nas próximas eleições. Inteirar-se dos manifestos político-partidários, conhecer e analisar o histórico dos candidatos, participar de debates cívicos. Mexer-se, enfim! Inúmeras e facilmente acessíveis são as fontes de informação. Cuide-se, apenas, para não se deixar enganar por falsas notícias ou tendenciosos comunicados. É sempre importante lembrar, os oportunistas não tiram férias e têm muito interesse em manter distantes os cidadãos honestos!
Atualíssima permanece a advertência deixada por Platão séculos atrás: o preço da falta de envolvimento em assuntos políticos é ser governado por gente desqualificada!
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