sábado, 2 de fevereiro de 2019

ONDAS DE LAMA

“Não chama de desastre aquilo que é crime”! A frase, atribuída ao Padre Fábio de Melo, resume com precisão a tragédia que comove o Brasil e espanta o mundo! A dor fica mais aguda e o grau de execração sobe mais alguns pontos, ao recordar que este monstruoso vazamento acontece três anos após a tragédia de Mariana. Solenes compromissos foram feitos na oportunidade, prometendo mais rigor nas fiscalizações e exigindo revisão criteriosa de procedimentos de segurança. A evidência dos fatos mostra que tudo não passava de retórica. O cínico descaso para com vidas humanas e para com ONDAS DE LAMA “Não chama de desastre aquilo que é crime”! A frase, atribuída ao Padre Fábio de Melo, resume com precisão a tragédia que comove o Brasil e espanta o mundo! A dor fica mais aguda e o grau de execração sobe mais alguns pontos, ao recordar que este monstruoso vazamento acontece três anos após a tragédia de Mariana. Solenes compromissos foram feitos na oportunidade, prometendo mais rigor nas fiscalizações e exigindo revisão criteriosa de procedimentos de segurança. A evidência dos fatos mostra que tudo não passava de retórica. O cínico descaso para com vidas humanas e para com a preservação do meio ambiente alimenta ainda mais o sentimento de indignação. E do descaso! Até hoje, a Samarco não pagou um único tostão de indenização pelos prejuízos provocados. Ninguém até hoje foi responsabilizado por aquela tragédia. As famílias continuam chorando os parentes mortos, amargurando o patrimônio destruído, obrigadas a morar de favor, porque as moradias prometidas ainda estão em construção, três anos após a catástrofe. Enquanto isso, a mineradora permanece blindada, protegida pelos inúmeros recursos contemplados na legislação penal. Abissal é a distância que separa o brasil oficial do brasil real! Emerge, evidente, a justificada irritação diante da porosidade do código penal e da indecente omissão do legislador, ao deixar de adequar os dispositivos normativos para que de fato a justiça seja feita, com a devida celeridade e imparcial rigor. Do jeito que evoluem os acontecimentos fica cada vez mais evidente que o processo penal privilegia o infrator abastado. Resume com precisão a situação o mineiro matuto: somos presos por pescar uma piaba, mas o empresário que acaba com todo o rio permanece livre! As instâncias inerentes ao processo penal parecem que são feitas para proteger gaviões em detrimento de aves indefesas. Esse lobby empresarial é tão poderoso e influente que, malgrado a tragédia em Mariana, encontra-se mobilizado para pleitear o afrouxamento da fiscalização em várias outras áreas vitais como a ambiental e a alimentícia. Argumentam que são excessivas as normas fiscalizadoras. Servem apenas para atrapalhar a vida de quem produz. E o legislador prefere deixar-se seduzir por esses argumentos tendenciosos e oportunistas. É preciso que aconteçam tragédias, como essas em Minas Gerais, para escancarar o desumano cinismo que impera no Congresso. Que se preste atenção ao que se discute, nestes dias, no Congresso! A hora lá é de lotear cargos! As mortes e a destruição em Brumadinho podem esperar! Urge reavaliar valores e referências. A crise, na realidade, é moral! É de princípios! Comovente, sem dúvida, é a mobilização da sociedade em prestar socorro às vítimas. Contudo, ficará mais coerente se a sociedade se mobilizasse para exigir um processo penal que puna com condizente celeridade e exemplar rigor os responsáveis por semelhantes tragédias. Ficará mais incisivo se a sociedade se mobilizasse e cobrasse fiscalizações tecnicamente rigorosas e periodicidade respeitada. Que se acabe de vez com o descaso, em suma. E que a justiça recupere a credibilidade! Cruel e criminoso é o abismo que separa o brasil oficial do brasil real! Enquanto esta distância persistir novas ondas de lama irremediavelmente irromperão, propagando dor, alastrando desolação! a preservação do meio ambiente alimenta ainda mais o sentimento de indignação. E do descaso! Até hoje, a Samarco não pagou um único tostão de indenização pelos prejuízos provocados. Ninguém até hoje foi responsabilizado por aquela tragédia. As famílias continuam chorando os parentes mortos, amargurando o patrimônio destruído, obrigadas a morar de favor, porque as moradias prometidas ainda estão em construção, três anos após a catástrofe. Enquanto isso, a mineradora permanece blindada, protegida pelos inúmeros recursos contemplados na legislação penal. Abissal é a distância que separa o brasil oficial do brasil real! Emerge, evidente, a justificada irritação diante da porosidade do código penal e da indecente omissão do legislador, ao deixar de adequar os dispositivos normativos para que de fato a justiça seja feita, com a devida celeridade e imparcial rigor. Do jeito que evoluem os acontecimentos fica cada vez mais evidente que o processo penal privilegia o infrator abastado. Resume com precisão a situação o mineiro matuto: somos presos por pescar uma piaba, mas o empresário que acaba com todo o rio permanece livre! As instâncias inerentes ao processo penal parecem que são feitas para proteger gaviões em detrimento de aves indefesas. Esse lobby empresarial é tão poderoso e influente que, malgrado a tragédia em Mariana, encontra-se mobilizado para pleitear o afrouxamento da fiscalização em várias outras áreas vitais como a ambiental e a alimentícia. Argumentam que são excessivas as normas fiscalizadoras. Servem apenas para atrapalhar a vida de quem produz. E o legislador prefere deixar-se seduzir por esses argumentos tendenciosos e oportunistas. É preciso que aconteçam tragédias, como essas em Minas Gerais, para escancarar o desumano cinismo que impera no Congresso. Que se preste atenção ao que se discute, nestes dias, no Congresso! A hora lá é de lotear cargos! As mortes e a destruição em Brumadinho podem esperar! Urge reavaliar valores e referências. A crise, na realidade, é moral! É de princípios! Comovente, sem dúvida, é a mobilização da sociedade em prestar socorro às vítimas. Contudo, ficará mais coerente se a sociedade se mobilizasse para exigir um processo penal que puna com condizente celeridade e exemplar rigor os responsáveis por semelhantes tragédias. Ficará mais incisivo se a sociedade se mobilizasse e cobrasse fiscalizações tecnicamente rigorosas e periodicidade respeitada. Que se acabe de vez com o descaso, em suma. E que a justiça recupere a credibilidade! Cruel e criminoso é o abismo que separa o brasil oficial do brasil real! Enquanto esta distância persistir novas ondas de lama irremediavelmente irromperão, propagando dor, alastrando desolação!

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