
Perceptível é a desorientação! Tensões abundam! Apreensiva, a alma humana pede socorro. O salmista resume admiravelmente esta situação de sufoco existencial ao comparar a alma humana à uma terra sedenta de água. Assim como a terra seca anseia pela água da chuva, a alma humana, igualmente, suspira encontrar respostas para suas apreensões existenciais. O ser humano quer viver bem. E feliz! A atual cultura hedonista sugere acumular bens e ampliar confortos. Extremamente subjetivista insiste em que cada um cuide de si. No entanto, um olhar atento e uma análise isenta da conjuntura facilmente denunciam os equívocos desta doutrina. A prática de cada um se virar como pode, não somente nada resolve, como, ao contrário, agrava a tensa situação. Na maioria das vezes, soluções subjetivistas mais complicam o que já anda confuso, adicionando ainda sentimentos de ira e de intolerância. Cidadãos estão se tornando ambiciosos concorrentes. Exigentes e insatisfeitos. Não raramente desleais e insensíveis. Nada estranho que sociedades estão se fragmentando. Casamentos rapidamente se desfazendo.
Emerge com gritante lógica a percepção que, enquanto cada cidadão persista em considerar-se e comportar-se como se fosse o centro do universo, as situações, tanto individuais como coletivas, só tendem a piorar. O egoísmo isola. Isolada, a alma humana se enfraquece e se deprime. Urge libertar-se dessa mentalidade concentrada no individualismo. Urge parar de olhar somente para o próprio umbigo e aprender a estender a vista para o horizonte coletivo. A lei fundamental da vida impõe pensar menos em si e mais no coletivo. Dificuldades subjetivas ficarão satisfatoriamente resolvidas quando os contornos externos estiverem ajustados. Isto envolve aceitar conscientemente moderar as próprias exigências, assumir renúncias. Renúncias nunca são um fim em si mesmas. Seria tolo masoquismo. Justificam-se as privações enquanto servem para alcançar objetivos superiores. Ao discernir que a felicidade nunca é completa e duradoura enquanto procurada de maneira excessivamente individualista, o cidadão se dispõe a abrir mão de vantagens e confortos, até mesmo justificados, em vista do bem maior a ser alcançado. O atleta se sujeita a privar-se de legitimas delícias e habituais confortos em busca de um almejado primoroso desempenho. Urge, portanto, ajustar mentalidade. Urge buscar objetivo discernimento!
É perceptível na cultura atual a resistência à sacrifícios. Avanços tecnológicos formidáveis estão gerando cidadãos impacientes e indolentes. Na presunção que as coisas aconteçam com o mínimo esforço, o cidadão resiste abandonar as chamadas zonas de conforto. Recusa perder privilégios. Ardorosamente insiste em direitos adquiridos. Consequência evidente deste exacerbado individualismo é a fragmentação da sociabilidade e o crescente isolamento. Nada estranho ser a depressão a doença da moda. Urge quebrar esta corrente excessivamente subjetivista. Sustentáveis formas de vida nascem de renúncias e alcançam maturidade graças a constantes podas. É lei fundamental da vida romper barreiras, abandonar casulos. É lei fundamental do genuíno afeto, esquecer-se de si em favor da pessoa amada. Sem renúncias, não há vida. Nem afeto. Sobra solidão. Avança a desintegração.
Nenhum comentário:
Postar um comentário