sábado, 15 de junho de 2019

RESPOSTA FINAL

“Luz, mais luz”! A exclamação, atribuída ao genial poeta alemão Goethe, resume de maneira precisa o drama humano. A alma humana anseia encontrar a verdade que lhe assegura clareza quanto ao real sentido da vida. “O que é verdade?” perguntou Pilatos a Jesus, aparentemente torturado pela mesma questão existencial. Jesus já tinha solenemente afirmado que a verdade era ele próprio: eu sou a verdade! As circunstâncias, todavia, conspiravam contra Jesus! Como, naquela situação, acreditar em Jesus como caminho para vida se ele próprio estava sendo condenado à morte? O processo de Jesus, sua vida inteira, na verdade, é perfeita metáfora de toda este questão existencial. É preciso muito mais que pesquisa acadêmica para aceitar Jesus como resposta para as questões existenciais mais agudas. Nunca faltaram, na história, exímios acadêmicos e esforçados pensadores que tentaram responder aos mais profundos anseios da alma humana. No atual estágio da história, o acentuado subjetivismo multiplica teorias e oferece respostas. São muitas ‘as verdades ‘ que tentam fazer a cabeça das pessoas propondo-lhes soluções finais. Possivelmente seja justamente por causa dessa multiplicação de soluções que o ser humano encontra-se tão cético. Como explicar tamanha desorientação quando existem tantas respostas ‘finais’? Com aguda percepção, alertava o Papa Paulo VI, o homem moderno anda cansado de teóricos. O que precisa mesmo é de testemunho. São muitos os professores, mas são raros os modelos! Emerge outro drama a afligir a alma humana. É recorrente o aparecimento de ‘salvadores da pátria’, travestidos de políticos, de religiosos, de cidadãos honrados. Comovem com a retórica, desiludem, contudo, com a conduta. E a alma humana, hoje felizmente mais crítica e mais bem informada, recusa dar cheque em branco aos tantos messias que se apresentam. Mais que discurso, a consciência humana quer conferir a lisura de conduta. A luz reclamada por Goethe expressava a sofreguidão da alma em encontrar aquela verdade existencial capaz de descansar a mente e garantir paz à consciência. Uma verdade que antes que fosse acadêmica, fosse, na realidade, existencial. Emerge com pedagógica vivacidade a razão porque Jesus é a verdade que o ser humano procura. Assumindo nossa condição, Jesus experimentou todas as situações humanas – desde a euforia até o abandono – com exemplar integridade de coerência. Ao aceitar viver como Jesus viveu, o ser humano encontra a resposta para a mais aguda questão existencial que atormenta a alma humana. Viver como Jesus viveu nada mais é que alimentar e acreditar em relacionamentos fraternos, incondicionalmente! Espontaneamente emerge o débito que os cristãos possuem perante o mundo: dar testemunho deste Jesus Cristo encarnado. Em tempos igualmente conturbados, um exímio pensador cristão, Santo Antônio – venerador e aclamado por multidões – já havia assimilado o drama. Com fina percepção alertava: o mundo anda saturado de palavras, mas vazio de exemplos. Que cessem os discursos e falem as obras. A palavra, completava o santo frade, só é viva quando são os exemplos que falam! Viver o Evangelho é a resposta final. A luz tão avidamente almejada!

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