
Deus tem um sonho! Quer fazer a paz correr como um rio de águas cristalinas, refrescantes e repousantes, banhando margens, transformando-as em férteis encostas. O sonho de Deus corresponde ao mais profundo anseio da alma humana. O Homem também almeja ardorosamente viver em paz! Deus e o Homem se encontram neste propósito! Indaga-se, com justificada razão, porque um desejo comum e profundo parece cada dia mais improvável de concretizar-se.
Salienta-se, em uma preliminar avaliação, uma discrepância de conceitos. Para o homem, paz significa a manutenção de uma ordem, frequentemente imposta por um poder dominante, com a explícita intenção de resguardar vantagens e salvaguardar conquistas. Evitam-se conflitos desde que seja respeitada determinada hierarquia. Embasa-se a ordem em uma constante e rigorosa vigilância, assegurando que o lado dominado não transgrida fronteiras. Fica evidente o alto grau de tensão contínua que este conceito de ‘paz’ embute. Não se pode chamar de paz, evidente, um tipo de beligerância dissimulada, fundada no medo e alimentada por uma constante desconfiança. Bem diferente é o conceito divino de paz, conforme revelado por algumas das mais ternas páginas da Bíblia. Pela pena do profeta Isaias, Deus compara a paz ao ambiente de aconchego, de simultânea entrega e abandono que se verifica no ato da mãe amamentando seu bebê. Impossível imaginar clima mais perfeito de comunhão e de repouso. A paz sonhada por Deus se fundamenta na generosa doação e na ilimitada confiança entre as partes! A paz divina pressupõe retidão de caráter e elevado despojamento! Nesta perspectiva, a paz divina ultrapassa de longe a interesseira imposição de limites determinada pela prepotência humana. Nesta é a força que garante limites, na paz divina é a caridade que elimina fronteiras. A paz humana, ao explorar o medo, subjuga. A paz de Deus liberta, porque confia na retidão.
A diversificação de conceitos explica as diferentes logísticas seguidas para estabelecer a paz imaginada. No conceito humano de paz, é preciso que o dominador esteja sempre bem armado, tanto física quanto psicologicamente. Pois quanto mais ameaçador, mais ‘respeito’ imagina impor quem manda. Fragilizada e insegura por natureza é a paz que se escora em armamentos e valentias. Obtusa ilusão imaginar conseguir tranquilo convívio promovendo o uso da força bruta. É previsível a intranquilidade em ambientes de permanentemente desconfiança! Na logística divina, a paz se constrói a partir do diálogo franco entre as partes e se consolida no respeito mútuo. Favorece mais a paz um sincero aperto de mão que uma metralhadora carregada! Ao insistir sobre a necessidade de desarmar-se, o manual da paz divina exalta a integridade interior como trunfo maior para assegurar tranquilo convívio. Quem é da verdade, quem se pauta pela justiça não precisa recorrer a atitudes beligerantes para convencer. Gritos e ameaças denunciam fragilidade de argumentos e inconsistência de causas.
A paz é um projeto querido por Deus e ansiado pelo Homem! Que precisa, todavia, ser laborioso e sapientemente construído. Na logística divina, a paz se constrói de baixo para cima. Com formidável perspicácia, o manual divino aponta a família como espaço privilegiado para consolidar o processo de construir a paz. Neste espaço doméstico, o ambiente da refeição propicia a mais qualificada oportunidade de aprendizado e adestramento. Quem aprende a portar-se respeitosamente à mesa, será certamente valioso artífice da paz! Na intimidade da refeição familiar é que se forjam caráter e personalidade! Faz todo sentido ter o Senhor Jesus, Príncipe da Paz, privilegiado tanto a participação em tão diversas refeições!
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