
Para os filhos, o melhor! É o propósito que orienta a vida da maioria dos pais. É difusa verdade que o ritmo de vida de um casal passa por uma guinada radical quando nascem os filhos. A chegada dos filhos muda a escala de preferências. Tudo, ou quase tudo, passa a ser avaliado pela rubrica de favorecimento aos filhos. Sacrificam-se os pais para garantir boa educação escolar para os filhos. A medida do possível, esforçam-se ainda para guardar uma reserva financeira para ajudar na sobrevivência futura. Louvável embora e necessária, essa preocupação com o bem estar material não esgota o zelo dos genitores. Quando sábios e perspicazes, os pais entendem que a excelência de uma vida é questão mais do ser que do ter. O material, quase sempre, é acompanhado de data de vencimento. Frequentemente, é motivo mais de dor que de prazer. Mesmo quando abundante, não assegura vida plena e feliz. Basta um imprevisto para o bem material evaporar feito orvalho. Surge, inevitavelmente, o dilema quanto ao que vem a ser objetivamente melhor legar aos filhos.
Ajuda neste sentido uma lição, em forma de parábola, que os antigos rabinos costumavam passar a seus ouvintes. Falavam de um pai que, ao perceber estar chegando ao fim da vida, decidiu dividir sua propriedade entre seus dois filhos. Cuidou de dar a cada um o mesmo tanto de terra, uma divisão matematicamente justa. Acontece que um dos irmãos tinha cinco filhos, enquanto o outro não tinha filhos. Morto o pai, o irmão que não tinha filhos refletiu sobre a situação do mano e concluiu que o irmão com cinco filhos precisaria de mais terra para sustentar sua família. Decidiu, então, alterar a cerca, aumentando a herança do irmão. Enquanto isso, o outro pensando no irmão sem filhos refletiu que o mano sem filhos precisaria de mais terra para poder se ocupar. Decidiu, então, abrir mão de um pouco da sua herança e aumentar a parte do outro irmão. A noite, os dois se encontraram na divisa demarcada pelo pai e ao revelar, cada um, a razão por estarem ali, se abraçaram afetuosamente e agradeceram a herança imaterial que do pai haviam recebido. Antes de bens materiais, o pai havia passado aos filhos um legado de valores. Convenceu-os, com inspirada sabedoria, que há mais valor na vida – consequentemente, mais genuíno prazer em viver – quando se aprende a doar-se generosamente que quando se aferra a acumular egoisticamente. O material é sempre passageiro e quem a ele se apega de forma avara perde mais que ganha. Quem coloca sua felicidade em acumular bens materiais acaba isolado e, não raramente, enterra-se vivo! Infelizes vivem os avaros! Os ambiciosos nem sabem usufruir-se dos bens que possuem! Quantos desentendimentos surgem, quantas famílias se desfazem por brigas de herança! A excelência de uma vida é questão mais de ser que de ter!
Para os filhos o melhor! E o melhor são valores que o tempo não corrói e a emulação não corrompe. Realizações e alegrias sem data de vencimento! Caráter e dignidade, valores com potencial de sanarem progressivamente ambientes e elevarem relacionamentos, heranças a tornar indelével a memória de um pai.
FELIZ DIA DOS PAIS!
Nenhum comentário:
Postar um comentário