Reflexões para crescer no amor a Deus, no amor aos irmãos e fortalecer-se na fé cristã.Viver, em suma!
sábado, 14 de setembro de 2019
PATRIOTISMO
PATRIOTISMO
A data de 8 de setembro é particularmente significativa na história de Malta. Em 1565, neste dia, os cavalheiros de São João derrotaram decisivamente a frota otomana que tentava invadir e tomar posse da ilha estratégica. Com este sucesso, as forças cristãs da época começavam a reverter o domínio otomano na Europa, que chegaria a seu momento maior na memorável batalha naval em Lepanto quando, então, os aliados cristãos definitivamente desbarataram as forças otomanas. Em memória da vitória dos cavalheiros de Malta sobre o assédio otomano, o então Grão Mestre La Vallette mandou erguer uma capela – singela obra em estilo barroco - dedicada a Nossa Senhora, conhecida popularmente entre os malteses como a capela da vitória. Por volta desse mesmo período, anos mais tarde, em 1800, os malteses, com a ajuda da frota inglesa, expulsaram da ilha os prepotentes franceses. Indignados com as constantes pilhagens, feitas pelos soldados sob o comando de Napoleão, nas várias igrejas da ilha, os malteses puseram, literalmente, os franceses a correr em direção a seus navios e deixar a ilha. Na mesma época, agora em 1943, a Itália rendeu-se diante das forças aliadas, livrando Malta dos constantes ataques aéreos e marítimos do eixo nazista, que fazia da Itália um entreposto valioso na tentativa de invadir e tomar possa da ilha estratégica. Compreende-se a razão porque a data é tão significativa na história da ilha. Acontece que no calendário litúrgico católico, a data é dedicada à celebração da festa da natividade de Maria, mãe de Jesus. A sobreposição das vertentes históricas, litúrgicas e patrióticas, torna-se natural. As celebrações cívicas e religiosas se misturam naturalmente, temperadas por sentimentos piedosamente nacionalistas.
Com sábia pedagogia usam-se os textos litúrgicos para propor uma oportuna reflexão catequética e patriótica. A liturgia do dia apresenta a genealogia de Jesus com a intenção de inserir a pessoa do Messias na história do povo eleito. Incluem-se na genealogia segundo o evangelista Mateus, gente de índole correta e outros de biografias nada santas. O objetivo óbvio é insistir que o Redentor faz parte da história de um povo. Somente assumindo integralmente a história de seu povo, feita de heróis e vilões, é que Cristo pôde, na verdade, redimi-lo. Nesta mesma perspectiva insere-se a celebração cívico-religiosa em Malta. Os ilhéus são um povo com uma história costurada por atos heroicos de gente moldada por uma fortíssima tradição religiosa. O que são hoje como nação e o que celebram liturgicamente, é expressão dessa milenar cultura.
A preciosa lição aplica-se, com justiça, a todas as culturas. Encontram-se, com frequência, lideranças que se comportam como se a história tivesse começado a partir deles. Ignoram arbitrariamente legados passados, fundamentais e preponderantes na formação de uma cultura nacionalista ou mesmo familiar. Gerações novas agem como se não tivessem antepassados que, entre acertos e erros, trabalhos e sacrifícios, pavimentaram o caminho para que se chegasse ao estágio atual. Somente assumindo e respeitando essas tradições é que se pode construir sobre bases sólidas um futuro realmente prospero tanto em âmbito familiar, empresarial ou nacional. Não se ignora impunemente a alma de um povo! Reverência e ousadia são ingredientes indispensáveis para um patriotismo genuinamente digno!
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